A ausência do Palmeiras no manifesto que solicita mudanças na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) gerou desconforto entre dirigentes de outras agremiações da Série A. Conforme publicado na coluna de Paulo Vinícius Coelho, do UOL, o clube paulista foi o único da elite nacional a não endossar o documento que clama por reformas estruturais na entidade máxima do futebol brasileiro.
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De acordo com o jornalista, a presidente Leila Pereira, que anteriormente teve papel de liderança na formação da Libra, agora enfrenta olhares desconfiados. “Ela não tem obrigação nenhuma de seguir a maioria, como o manifesto do Palmeiras deixou claro”, relatou PVC.
Contudo, o colunista ressaltou que a atitude foi mal recebida: “Tem gente que vai olhar pra ela e falar: você não está com a gente?”.
O desconforto entre os pares se intensifica porque o documento reflete pautas historicamente defendidas pela própria dirigente, como a profissionalização da arbitragem e a adoção de regras de fair play financeiro. Mesmo assim, o clube optou por se abster dessa articulação coletiva, sendo acompanhado apenas pelo Remo, da Série B.
A decisão do Palmeiras evidencia uma posição de independência, mas igualmente o coloca em rota de colisão com outros protagonistas do futebol brasileiro. Conforme destacou PVC, “pegou mal” entre os pares o fato de um clube tão influente se isentar de um movimento com ampla adesão e pautas de interesse comum.
Embora não haja obrigatoriedade de adesão unânime, a expectativa era de coesão mínima entre os clubes da elite nacional, principalmente por se tratar de temas que atingem diretamente a gestão do esporte no país. A ação, ou a falta dela, poderá ter implicações nos bastidores das ligas e negociações futuras.
O que diz o Palmeiras
A decisão do Palmeiras foi fundamentada por um argumento de cautela institucional. Segundo nota divulgada pelo clube e repercutida pela ESPN, o momento seria mais adequado à “tranquilidade e união”, visando permitir que o futuro presidente da CBF atue com liberdade para cumprir seus compromissos de gestão.
Essa postura não se apresenta de forma isolada. Leila Pereira e mais nove clubes manifestaram apoio direto à candidatura de Samir Xaud para o comando da CBF. O dirigente, inclusive, conta com o suporte de 25 federações estaduais, o que o coloca em condição praticamente garantida para assumir a presidência da entidade na vaga deixada por Ednaldo Rodrigues.
O manifesto assinado pelos clubes
O manifesto assinado por 38 clubes — incluindo membros da Libra e da LFU — propõe, entre outros tópicos, a reformulação do processo eleitoral da CBF, a criação de uma liga nacional independente e a participação obrigatória das equipes nas assembleias da entidade.
Também pede que as propriedades comerciais das Séries A e B sejam reconhecidas como pertencentes aos clubes, além de exigir maior representatividade da Comissão Nacional de Clubes.
Outro ponto sensível é o pedido de reformulação do calendário entre 2026 e 2030, que deve ser aprovado em conjunto por todas as partes envolvidas, e a destinação de recursos às divisões inferiores e ao futebol feminino. A ausência do Palmeiras, portanto, contrapõe-se à convergência de demandas que vinham sendo debatidas publicamente por sua própria liderança nos últimos anos.