A coluna de Paulo Vinicius Coelho (PVC), publicada nesta quarta-feira (21) no UOL Esporte, lança luz sobre as turbulências enfrentadas por Samir Xaud nos primeiros dias como candidato à presidência da CBF.
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Em apenas 72 horas, o nome do médico roraimense passou a figurar em pelo menos três denúncias distintas, o que, conforme o jornalista, levanta preocupações importantes sobre o processo eleitoral da entidade máxima do futebol brasileiro.
Primeiramente, PVC lembra que Xaud foi suspenso por dois anos da função de perito médico após erro em um laudo — ele teria examinado o braço em vez da perna de um motociclista acidentado. Em seguida, há o caso apontado pelo Ministério Público de Roraima, que o acusa de envolvimento em um esquema de falsificação de documentos durante sua gestão como diretor-geral do Hospital Geral de Roraima entre 2017 e 2020.
Além disso, o Estadão revelou que Xaud e outros seis gestores teriam simulado serviços médicos para justificar pagamentos à empresa Coopebras, causando suposto prejuízo de R$ 1,4 milhão aos cofres públicos.
Questões formais e legais no processo eleitoral
Além das denúncias, PVC levanta dúvidas cruciais sobre a legalidade do processo de candidatura. Uma das perguntas destacadas é se Xaud entregou todas as certidões negativas necessárias para registrar sua chapa.
O processo foi relâmpago: anunciado menos de 24 horas após a saída de Ednaldo Rodrigues e oficializado no domingo seguinte. Assim sendo, a celeridade do registro é vista com desconfiança.
Outro ponto abordado pelo colunista é a eventual incompatibilidade legal com o artigo 27-A da Lei Pelé, que proíbe a ocupação simultânea de cargos em duas entidades esportivas. Samir Xaud foi recentemente eleito para presidir a Federação de Roraima, o que levanta o questionamento se ele deveria renunciar antes de assumir a CBF.
Episódio no MorumBis e ausência de respostas
Uma terceira e controversa questão envolve a suposta detenção de Xaud no estádio MorumBis, no dia 11 de agosto de 2024. Ele teria tentado acessar o local com uma credencial de diretoria da CBF, mesmo sem exercer formalmente tal função.
Conforme apurado, a tentativa de entrada por um portão inadequado teria resultado em encaminhamento à delegacia móvel do estádio. Relatos indicam que a CBF validou o documento e permitiu sua permanência no campo, assistindo ao jogo entre São Paulo e Atlético-GO atrás do gol.
PVC afirma que o programa De Primeira, do UOL, aguarda esclarecimentos diretos do próprio candidato sobre todos os episódios citados.
Reação de Xaud e acusações de preconceito
Em entrevista à Folha BV, Samir Xaud classificou as denúncias como fruto de uma “política suja”, direcionada contra sua candidatura. Segundo ele, os ataques seriam, sobretudo, motivados por preconceito contra representantes da região Norte.
“Sei de onde vim, sei quem eu sou, sei do trabalho que desenvolvo pelo meu Estado”, afirmou. O médico também destacou nunca ter sido condenado ou envolvido em esquemas ilícitos.
O futuro presidente da CBF, que pode ser o primeiro roraimense no comando da confederação, garantiu estar “bem tranquilo” e pronto para responder com trabalho. Xaud prometeu atenção especial às federações menores e anunciou a intenção de reformular a Copa Verde, com foco no fortalecimento do futebol das regiões menos contempladas no calendário nacional.