Posição do Botafogo em nova eleição da CBF surpreende

Escudo do Botafogo (Foto: Reprodução/Botafogo)

O posicionamento do Botafogo no processo eleitoral da Confederação Brasileira de Futebol causou perplexidade entre diversos dirigentes de clubes das Séries A e B. Inicialmente, a expectativa era de que o clube se alinhasse ao bloco formado por 21 agremiações que decidiram boicotar a eleição.

No entanto, a decisão do clube de apoiar a candidatura de Samir Xaud rompeu com a articulação que visava contestar a estrutura atual da entidade.

Durante uma reunião da Liga Forte União, realizada no sábado (17), o CEO do Botafogo, Thairo Arruda, participou por videoconferência diretamente de Lyon, na França, e expressou desconforto em apoiar a candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, então presidente da Federação Paulista de Futebol e nome preferido da maioria dos clubes.

Conforme relatos de dirigentes presentes, Arruda alegou estar atrelado a compromissos políticos em Brasília, o que lhe impediria de aderir ao apoio coletivo.

Mudança de postura em poucas horas

Embora tenha declarado também que não apoiaria a chapa de Xaud devido à presença de Flávio Zveiter entre os vices — figura rejeitada por setores da LFU —, o Botafogo acabou assinando apoio ao candidato ainda naquela noite.

O gesto foi interpretado como um movimento contraditório, já que horas antes o dirigente alvinegro demonstrava resistência em se posicionar de forma definitiva.

A justificativa que circula nos bastidores é de que a manifestação de Thairo teria como objetivo postergar a decisão do grupo, sugerindo mais tempo para discutir o processo de escolha do novo comando da CBF. No entanto, a eleição já estava marcada para o dia 25 de maio e, segundo os demais clubes, não havia espaço para alteração do calendário eleitoral.

Bloco opositor protesta por mudanças estruturais

Enquanto isso, 21 clubes, entre eles Flamengo, Corinthians, São Paulo e Fluminense, divulgaram uma nota conjunta em que afirmam não reconhecer a legitimidade do processo eleitoral vigente. A principal crítica está relacionada à desproporcionalidade dos votos, que hoje confere peso triplo às federações estaduais e apenas peso duplo aos clubes das Séries A e B, inviabilizando qualquer tentativa de oposição, mesmo com ampla união dos times.

No texto publicado, os clubes defendem mudanças significativas no estatuto da CBF. Entre as principais propostas estão a revisão do peso dos votos, a exigência de participação obrigatória das equipes nas assembleias gerais e a indicação direta de ao menos três dos oito vice-presidentes pela elite do futebol nacional.

Além disso, pleiteiam apoio institucional e financeiro da entidade para a criação de uma liga independente.

Divisão e reação

A atitude do Botafogo, portanto, é vista por parte dos dirigentes como um sinal de desalinhamento com os interesses coletivos dos clubes. O desconforto é reforçado pelo fato de que a decisão alvinegra foi tomada de forma isolada e inesperada.

Mesmo sem se pronunciar oficialmente, o clube carioca passa a integrar o grupo de apoio a Samir Xaud, que contou com o respaldo de 25 das 27 federações estaduais e será aclamado como presidente para o mandato de 2025 a 2029.