Jornalista avalia classificação do Fluminense na Copa do Brasil: ‘torcida adoentada…’

Escudo do Fluminense (Foto Reprodução/Instagram)

A vitória do Fluminense por 4 a 1 sobre a Aparecidense, na quarta-feira (21), garantiu a classificação do clube carioca às oitavas de final da Copa do Brasil. A atuação, embora marcada por um susto inicial, confirmou o amplo favoritismo da equipe treinada por Renato Gaúcho diante de um adversário tecnicamente inferior.

No entanto, a crônica do jogo, escrita por Marcello Neves, aponta que a superioridade em campo foi tamanha que o confronto se transformou, na prática, em um “jogo-treino”.

Apesar de ter sofrido um gol que momentaneamente igualou o confronto no placar agregado, o time reagiu com rapidez. Samuel Xavier, Everaldo, Serna e Ganso marcaram os gols da virada e consolidaram o domínio tricolor no Estádio Mané Garrincha.

A atuação permitiu ao treinador poupar jogadores importantes, com foco total no clássico diante do Vasco, programado para o sábado (24 de maio), pelo Campeonato Brasileiro.

Reflexos em campo e preparação para o clássico

A partir do segundo tempo, o Fluminense passou a jogar com mais leveza. A Aparecidense, obrigada a se lançar ao ataque, abriu espaços que foram bem aproveitados. A classificação rendeu mais de R$ 3,6 milhões aos cofres do clube, além de tranquilidade no planejamento da próxima fase da competição, cujos confrontos de ida estão previstos para o período entre os dias 29 e 31 de julho.

Entretanto, o jogo deixou uma lição: a desatenção inicial e o gol sofrido foram vistos como falhas que não podem se repetir contra adversários mais qualificados. Assim sendo, a análise do desempenho será mais justa após o duelo contra o rival carioca.

O olhar crítico sobre a arquibancada

Se dentro das quatro linhas a equipe respondeu com eficiência, fora delas o comportamento de parte da torcida gerou debate. Em sua coluna publicada no UOL Esporte, Milly Lacombe utilizou a atuação do Fluminense como ponto de partida para discutir um fenômeno mais amplo: o adoecimento emocional das torcidas brasileiras.

Para a colunista, o episódio de vaias dirigidas ao time ainda no primeiro tempo, mesmo com o jogo em andamento e o placar ainda aberto, revelou sintomas de impaciência e intolerância.

Segundo Lacombe, “estamos vaiando cada vez mais e cada vez mais rapidamente”. Ela questiona por que, em um momento em que o time mais necessita de apoio, parte dos torcedores opta pelo protesto precoce.

Embora reconheça o direito à vaia, considera que ela deve vir acompanhada de motivos consistentes, como más atuações recorrentes ou falta de entrega. No caso específico do confronto com a Aparecidense, as críticas pareceram desproporcionais ao contexto da partida.

A torcida como termômetro social

A jornalista também estabeleceu um paralelo com outras torcidas brasileiras, como a do Corinthians, que segundo ela, “apoia até o fim”, independentemente das circunstâncias. A reflexão ultrapassa o futebol e toca aspectos mais profundos do comportamento coletivo.

“Desde quando vencer e acertar tudo passou a ser obrigatório?”, questiona Lacombe, que vê nas arquibancadas um reflexo da sociedade contemporânea: intolerância com o erro, ausência de paciência e cobrança constante de perfeição.

A análise da colunista também menciona um episódio envolvendo o jogador angolano Loide, do Vasco, vaiado após errar um drible. O caso serve como exemplo do quanto o julgamento imediato e impiedoso pode afetar o desempenho emocional e esportivo de um atleta.

Para Milly, as arquibancadas, que deveriam ser espaços de acolhimento e paixão, estão se tornando arenas de impaciência e descontrole.