A declaração de Reinaldo Rueda, ex-Flamengo, direcionada a Carlo Ancelotti

Ancelotti no Cristo Redentor (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

Atualmente à frente da seleção de Honduras, Reinaldo Rueda analisou o cenário que Carlo Ancelotti encontrará ao assumir a Seleção Brasileira. Em entrevista, o treinador colombiano, que teve passagem pelo Flamengo, destacou as dificuldades que o futebol nacional enfrenta.

“Acho que é um desafio duplo. Desafio para Ancelotti e para o futebol brasileiro”, declarou, apontando que a principal barreira está na perda de identidade coletiva da equipe.

Segundo o técnico, apesar do Brasil continuar sendo uma referência por sua história e força econômica, há um descompasso entre o talento individual dos atletas e o compromisso com a camisa canarinho. Rueda acredita que essa desconexão tem raízes no êxodo precoce de jovens jogadores para o futebol europeu.

“Eles vão para a Europa e talvez se descontextualizam e perdem essa visão da sua vida. Esquecem a exigência que representa vestir a camisa do Brasil”, comentou, mencionando ainda que treinadores como Tite, Dorival e Fernando Diniz sofreram com esse cenário.

Expectativa sobre o comando de Ancelotti

Rueda reconheceu que a trajetória vitoriosa de Carlo Ancelotti, aliada à sua experiência com diversos jogadores brasileiros, pode contribuir para uma adaptação mais eficiente. “Ele já trabalhou com várias estrelas brasileiras na Europa. Isso pode facilitar sua adaptação”, afirmou.

Ainda assim, o colombiano ressaltou que será necessário reconstruir um modelo coletivo eficaz para resgatar a liderança continental que, segundo ele, “nunca deveria ter sido perdida”.

Além disso, o técnico elogiou a estrutura da Granja Comary, visitada recentemente por Ancelotti, que demonstrou entusiasmo com as instalações e o ambiente da Seleção.

Reconstrução em Honduras

Rueda também falou sobre o processo de reconstrução da seleção hondurenha, que ele assumiu em 2023 após a ausência na Copa do Mundo do Qatar. Ao assumir o cargo, encontrou um grupo abalado por duas eliminações consecutivas nas Eliminatórias e pela ausência de atletas nas grandes ligas.

“Foi um início complexo. Encontramos uma geração golpeada, com o ceticismo da torcida e a incredulidade no jogador hondurenho”, explicou.

O técnico revelou que seu trabalho envolve, principalmente, devolver a confiança aos atletas e construir uma equipe competitiva, mesmo diante de rivais fortalecidos como Costa Rica, Jamaica e Panamá.

“A Copa Ouro será uma boa medida do nosso momento. Nossa ilusão é ganhar o torneio e nos preparar para a fase final das Eliminatórias”, disse.

Desenvolvimento das categorias de base

Com foco no futuro, Rueda enfatizou a importância de investir na formação de jovens jogadores, destacando nomes como Richard Adrián Martínez e Luis Gabriel Suazo, ambos com experiência na Europa.

“É um projeto que passa por melhorar a infraestrutura, as competições nacionais e criar um ambiente que projete esses atletas à seleção principal”, afirmou.

O treinador reforçou que o objetivo é recuperar o prestígio que Honduras já teve no futebol internacional, comparando com o crescimento recente de países como Equador e Panamá. “Esse é o caminho. Estamos começando, mas com uma boa organização e paciência, podemos avançar.”