A recente declaração do presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, que expressou o desejo de ver o clube seguir os passos do Flamengo, gerou forte repercussão no cenário esportivo. A fala provocou uma resposta incisiva de Eduardo Bandeira de Mello, ex-mandatário rubro-negro, que liderou a reestruturação financeira do clube carioca durante os anos 2010.
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Na entrevista ao canal “Benja Me Mucho”, Bandeira não poupou críticas à atual situação administrativa do clube paulista. Ele apontou que o caminho para a retomada não exige fórmulas complexas, mas sim uma mudança clara de postura e conduta por parte da direção corintiana.
Segundo ele, o que falta ao Corinthians é comprometimento com fundamentos básicos de gestão. “É questão de postura, atitude e vergonha na cara. O que fizemos no Flamengo, qualquer um aprende na primeira aula de administração”, afirmou, destacando que o problema não está em capacidades técnicas, mas na forma como os dirigentes lidam com a instituição.
O ex-dirigente destacou que credibilidade é um ativo essencial para atrair confiança, investimentos e reorganizar as finanças. Para ele, o alicerce de qualquer reconstrução passa por três pilares: responsabilidade, seriedade e clareza nas decisões. “Se esses valores forem seguidos, a confiança aparece. E com ela, é possível transformar qualquer realidade”, completou.
A resposta de Bandeira de Mello veio logo após a coletiva de Tuma Júnior, na qual o presidente do Conselho afirmou que o Corinthians precisa “renascer das cinzas” e fez um apelo pela retomada do protagonismo nacional. Em meio ao afastamento de Augusto Melo da presidência e com a votação do impeachment marcada para sábado (09), o clube tenta reorganizar seus rumos políticos e administrativos.
Aliás, Bandeira também ressaltou o peso da torcida no processo de reconstrução, tanto no Corinthians quanto em outros grandes clubes do país. “Quando se tem uma massa de 30 milhões de torcedores, tudo é possível. A torcida é o maior patrimônio de qualquer clube popular”, declarou, lembrando que o apoio da arquibancada pode ser decisivo, desde que haja reciprocidade na gestão.
Hoje, o contraste entre os dois clubes é evidente. Enquanto o Corinthians enfrenta dificuldades financeiras, com endividamento superior a R$ 2 bilhões, o Flamengo projeta receitas robustas, sustentadas por uma política de austeridade iniciada ainda na década passada.
Com sua declaração, Bandeira de Mello não apenas rebateu a fala do dirigente corintiano, mas também ofereceu um recado claro a qualquer clube que deseje seguir o modelo de reconstrução: mais do que referências externas, é preciso coragem interna para mudar o rumo da própria história.