Empresa de ex-jogador do Flamengo negocia assumir SAF no futebol brasileiro

A assembleia extraordinária realizada na terça-feira (19) marcou a aprovação da criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Ituano. Com 51 votos favoráveis e 23 contrários, entre os 74 sócios presentes, o clube definiu a transformação do seu modelo de gestão.

A nova estrutura será comandada pela Dimache Participações Esportivas Ltda., empresa de Juninho Paulista e Paulo Silvestri, que já administra o clube desde 2009.

A operação dividirá o Ituano em duas entidades: a SAF, com 60% sob controle da Dimache, e a associação esportiva, que deterá os 40% restantes.

Diferentemente de outros clubes que migraram para o modelo empresarial, a associação manterá, no mínimo, 30% do capital votante e poderá vetar decisões consideradas estratégicas.


Juninho segue à frente e estatuto será reescrito

Com a mudança aprovada, um novo CNPJ será criado: Ituano Futebol Clube Sociedade Anônima do Futebol. A partir de agora, a gestão formal passa à SAF, ainda que comandada pelas mesmas figuras. Juninho Paulista, ídolo revelado pelo clube e pentacampeão mundial com a Seleção, continuará como o principal nome à frente do futebol profissional.

“É possível, e eu acho que é o caminho na realidade. A SAF é uma tradução da profissionalização de um clube, então ele vai se tornar uma empresa”, afirmou Juninho em entrevista ao programa CNN Esportes S/A.

A próxima etapa envolve a redação do estatuto da SAF, que será conduzida por advogados das duas partes. Os conselhos fiscal e deliberativo continuarão atuando para fiscalizar receitas, despesas e lucros futuros.


Estrutura física permanece com a associação

A sede social do Ituano e o Estádio Novelli Júnior, pertencente à Prefeitura de Itu, foram mantidos fora do escopo da SAF. Assim, os ativos patrimoniais continuam sob responsabilidade da associação, evitando a transferência de bens históricos ao novo modelo empresarial.

Aliás, o uso da sede pelo futebol será realizado mediante cessão onerosa, diferentemente da proposta inicial, que previa gratuidade.

O estatuto também deverá estabelecer reinvestimento de parte dos lucros no próprio clube — com sugestão de ao menos 25% — e a possibilidade de novos investidores participarem da SAF, desde que respeitadas cláusulas que garantam a permanência de Juninho e Silvestri no controle.


Mudanças foram negociadas após críticas iniciais

A primeira tentativa de votação, realizada em outubro de 2024, fracassou por falta de quórum. Desde então, alterações significativas foram incluídas na proposta original, após pedidos de revisão por parte dos sócios.

Entre os pontos modificados estão a inclusão de contrapartida financeira à associação, regras de uso das estruturas do clube e maior representação no conselho com direito a veto.

Juninho ressaltou que o modelo não é garantia de sucesso, mas sim uma ferramenta: “Não é só porque você é SAF que é a solução do clube […] por trás são pessoas. Então tem que se ver bem quem são as pessoas por trás das SAFs”.