A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) entrou com recurso nesta quarta-feira (24) para ampliar a punição imposta ao atacante Bruno Henrique. No dia 04 de setembro, o jogador do Flamengo foi condenado a 12 partidas de suspensão e multa de R$ 60 mil por envolvimento em esquema de manipulação de apostas no Campeonato Brasileiro de 2023.
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O órgão solicita que o Pleno do STJD reanalise a absolvição de Bruno Henrique no artigo 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de conduta deliberadamente prejudicial à equipe. Caso a revisão seja aceita e o atleta seja condenado também neste artigo, a pena pode chegar a dois anos de suspensão.
No julgamento em primeira instância, o jogador foi condenado apenas no artigo 243-A, que define como infração atuar de forma contrária à ética desportiva com o fim de influenciar o resultado de uma partida. A pena aplicada foi de 12 jogos e multa de R$ 60 mil.
Fatos apurados e argumentos da Procuradoria
A denúncia contra Bruno Henrique teve origem em uma investigação da Polícia Federal, que identificou mensagens entre o atleta e seu irmão, Wander Pinto Júnior. Nelas, o atacante informava previamente que tomaria o terceiro cartão amarelo para cumprir suspensão no jogo seguinte — o que viabilizaria apostas lucrativas na sequência do campeonato.
Além da conduta antidesportiva, a Procuradoria argumenta que houve prejuízo direto ao Flamengo. Segundo o órgão, o episódio compromete o valor de mercado do jogador, considerado um ativo relevante do clube.
“Se a pena for mantida pelo Pleno, carregará uma sensação de impunidade, o que possivelmente não desestimulará comportamentos futuros” — registrou a Procuradoria na peça enviada ao tribunal.
Paralelo na Justiça comum
Além da instância esportiva, Bruno Henrique também responde na esfera judicial. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou o atleta à Justiça comum, e a acusação foi parcialmente aceita pela 7ª Vara Criminal de Brasília.
O processo envolve o crime de fraude relacionado ao esquema de apostas em partidas de futebol.
Defesa sustenta ausência de prejuízo ao clube
Em sua argumentação, a defesa do jogador sustenta que o Flamengo não foi prejudicado, já que o cartão teria sido tomado por orientação do próprio clube, com o objetivo de administrar a suspensão e facilitar o planejamento para jogos futuros.
A estratégia era cumprir a punição diante do Fortaleza e estar disponível contra o Palmeiras.
Apesar disso, a Procuradoria reforça que Bruno Henrique se beneficiou pessoalmente ao repassar a informação à família e que a absolvição no artigo 243 deve ser revista para refletir o impacto completo da infração.
No momento, não há data definida para o novo julgamento no Pleno do STJD. O atacante segue apto a jogar até que ocorra o desfecho do processo disciplinar em segunda instância.