Veja os possíveis cenários do julgamento de Bruno Henrique, do Flamengo, no STJD

Bruno Henrique em embarque do Flamengo - Foto: Adriano Fontes/Flamengo
Bruno Henrique em embarque do Flamengo - Foto: Adriano Fontes/Flamengo

Bruno Henrique, do Flamengo, está sendo julgado nesta segunda-feira (10), em audiência que se iniciou às 10h, pelo Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A sessão reexamina a condenação aplicada há dois meses, relacionado à suspensão de 12 partidas por conduta considerada antidesportiva.

Ele recorreu da decisão e, desde então, vem atuando graças a um efeito suspensivo. No último domingo (9), inclusive, marcou um dos gols na vitória sobre o Santos. O julgamento acontece após recursos interpostos por ambas as partes.

O Flamengo tenta reverter a decisão da 1ª Comissão Disciplinar do STJD, que considerou o jogador culpado por forçar um amarelo, supostamente com intenção de beneficiar apostadores, durante partida contra o Santos, em 2023. Por outro lado, a Procuradoria do tribunal pleiteia o agravamento da pena.

Conforme alegado pela Procuradoria, Bruno Henrique teria avisado o irmão, Wander Nunes, que receberia o terceiro cartão amarelo. O órgão argumenta que houve benefício pessoal e prejuízo à imagem do clube, afetando o valor de mercado do atleta.

Atualmente, o julgamento pode resultar em quatro desfechos: absolvição, redução da pena, manutenção da suspensão de 12 jogos ou aumento da sanção.

O Flamengo sustenta que o julgamento em primeira instância desconsiderou pontos técnicos relevantes, como a prescrição do caso e a análise do comportamento do jogador no momento da infração.

Bruno Henrique pelo Flamengo (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Defesa argumenta prescrição e ausência de dolo

A defesa de Bruno Henrique será conduzida pelo advogado Alexandre Vitorino, que considera que a justiça desportiva perdeu o prazo para instaurar o processo disciplinar. Segundo ele, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) estipula limite de 60 dias para abertura da denúncia, o que não teria sido respeitado.

Outro argumento utilizado será a interpretação do lance. O cartão ocorreu nos acréscimos da partida, aos 95 minutos, sem impacto no resultado. Além disso, a defesa alega que o comportamento do jogador após o cartão indica surpresa, já que ele confrontou o árbitro, acabou expulso e demonstrou indignação.

“Alguém que queria receber o cartão amarelo faria isso? Teria algum sentido confrontar o árbitro depois de receber um cartão que seria objeto de um prévio conluio?”, questionou o advogado em entrevista ao ge.

Ele também mencionou uma mensagem enviada por Bruno Henrique ao irmão em outubro, anterior ao episódio investigado, onde o jogador repreende Wander. “O tribunal não percebeu a mensagem que acontece em outubro, em que ele é deselegante com o irmão”, completou.

Entenda a origem da punição e o envolvimento criminal

Em abril, a Polícia Federal indiciou Bruno Henrique por fraude esportiva, com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte. A pena prevista varia entre dois e seis anos de reclusão.

A investigação identificou que apostas feitas por familiares e amigos do jogador chamaram atenção por se concentrarem em um cartão amarelo específico, ocorrido no jogo entre Flamengo e Santos, disputado em Brasília, em novembro do ano passado.

Segundo as autoridades, as apostas foram realizadas por pessoas próximas ao atacante, incluindo o irmão Wander, a esposa dele, Ludymilla Araújo, a prima Poliana Ester e outros conhecidos da família. A movimentação atípica foi detectada por empresas do setor de apostas e comunicada aos órgãos competentes.

As provas do caso foram reunidas a partir de conversas extraídas do celular de Wander, apreendido durante operação da PF em novembro de 2023. Os diálogos serviram de base para o indiciamento dos envolvidos.

Primeira instância condenou o jogador com base em conduta antidesportiva

Bruno Henrique foi denunciado por diversos artigos do CBJD, incluindo os artigos 243-A (conduta contrária à ética desportiva), 184 (descumprimento de decisão) e 191 (descumprimento de regulamentos).

O tribunal o absolveu do artigo 243, que trata de manipulação para prejudicar a equipe, mas, por quatro votos a um, decidiu aplicar a punição de 12 jogos de suspensão e multa de R$ 60 mil com base na ética desportiva.

Além disso, a Procuradoria também considerou os artigos 65, II, III e V, do Regulamento Geral de Competições da CBF de 2023, reforçando que o ato do jogador teria impacto negativo na integridade do campeonato.

O julgamento desta segunda-feira será decisivo para definir se Bruno Henrique poderá seguir atuando com regularidade nas próximas rodadas do Campeonato Brasileiro ou se cumprirá nova penalização.