Após Everton Ribeiro, Flamengo prepara série com ligações de jogadores a afetados pelo coronavírus

O próximo vídeo, que deve ser veiculado pelo Flamengo ainda nesta semana, é de Diego conversando com um menino de oito anos.

Meia Everton Ribeiro durante uma partida do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

O quanto o apoio de um ídolo pode ajudar uma pessoa afetada pelo coronavírus? Pois o Flamengo, mesmo em quarentena, colocou em campo seus jogadores para atuarem de forma diferente no combate à pandemia: em uma série chamada de Ligação Solidária, os atletas vão entrar em contato com torcedores para uma mensagem de suporte durante a quarentena.

O primeiro foi Everton Ribeiro. O meia ligou para o torcedor Fabio Justino, que estava se recuperando da Covid-19 e havia acabado de sair do CTI. O próximo vídeo, que deve ser veiculado pelo Flamengo ainda nesta semana, é de Diego conversando com um menino de oito anos, que apresentou sintomas de depressão devido à quarentena.

— A ideia é que os atletas entrem em contato com pessoas que estejam passando por algum tipo de abalo psicológico causado pela luta empenhada contra a Covid-19. Os atletas têm ciência de que a ligação de um ídolo pode causar uma diferença enorme na recuperação de um rubro-negro, além de ser algo que serve de exemplo para que outras pessoas possam fazer o mesmo, afinal passar uma palavra de conforto para alguém que esteja deprimido é algo que está ao alcance de todos nós – contou Yuri Palopoli, analista de comunicação do Flamengo, um dos responsáveis pelos contatos entre as famílias e os jogadores.

Everton Ribeiro conversa com Fábio Justino, torcedor do Flamengo (Foto: Reprodução)

O caso de Justino foi simbólico. Ele havia acabado de sair da UTI, mas tinha previsão de ficar mais uma semana em observação. O torcedor já vinha apresentando sinais de evolução e de que poderia receber alta antes do esperado, mas a ligação de Everton representou um grande ganho psicológico.

— Quando você está no CTI, ou internado no quarto, é um cenário muito sombrio e solitário. Você não conversa com ninguém, toda conversa é voltada para a patologia. Você tem um cenário de morte. Receber uma palavra positiva, um desejo de boa recuperação, principalmente sendo alguém do time que você torce, foi muito positivo, porque eu acredito muito no poder das palavras. Tudo que alguém que está no CTI precisa é de palavras positivas, de orações. Porque isso tem um efeito fantástico no nosso psicológico. Eu estava ali e só pensava em morte. Foi importante a ligação porque deu uma levantada muito boa no meu astral – contou Justino, que já está em casa, onde cumpre quarentena.

A resposta dos jogadores do Flamengo à iniciativa tem sido positiva. A ideia é que outros atletas participem da ação nas próximas semanas.

— O Flamengo tem um elenco com seres humanos da maior qualidade. Todos os atletas têm noção do quão importantes são na vida dos torcedores e da diferença que um gesto de carinho e solidariedade pode causar na vida de alguém, principalmente vindo de um ídolo. Então procuramos tornar recorrentes ações sociais onde os jogadores podem fazer a diferença na vida de alguém, e é algo que todos sempre se mostraram totalmente dispostos a colaborar. São excelentes atletas e também grandes seres humanos – elogiou Yuri.

A psicóloga Jade Paiva ressaltou que a ação, por si só, não vai curar qualquer problema, mas afirma que a iniciativa é válida para prover acolhimento a quem passa por momentos difíceis durante a quarentena.

— A gente tem a questão de as pessoas se sentirem mais angustiadas com tudo que está acontecendo. A sensação subjetiva de não estar só, sem dúvida, produz muitas coisas positivas, mas não cura. Um conforto, um amparo, a sensação de que alguém está olhando para você, que alguém se importa, é um afago inegável – explicou a psicóloga.

Além das ligações para os torcedores, o Flamengo vem realizando outras ações de solidariedade ao longo da pandemia. O clube tem distribuído álcool gel e cestas básicas em comunidades do Rio de Janeiro e liberou sua marca para que pequenas empresas comercializem máscaras relacionadas ao clube – desde a última semana o uso de máscaras de tornou obrigatório no Rio de Janeiro.

Retirado de: Globo Esporte