Entre as poucas certezas que se tem sobre o retorno do futebol no Brasil, uma é que os clubes enfrentarão uma maratona de jogos que lembrará os calendários dos anos 1980 e 1990. O regulamento geral de competições da CBF precisará de uma alteração, ou adendo, que diminua o intervalo mínimo entre as partidas de um mesmo time no país, hoje de 66 horas.
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Há consenso que esse novo período será de 48 horas. Em outras palavras, os clubes poderão atuar até três vezes por semana. O calendário ficará inchado no segundo semestre – as projeções são de que em julho os Estaduais voltem a ser disputados. Esses torneios estavam em andamento quando o esporte parou em meados de março por causa da pandemia do novo coronavírus.
Os regionais são os mais fáceis de disputar na retomada por dois motivos: 1) já estão no fim -, o Campeonato Paulista, por exemplo, precisa de mais seis datas, e isso ainda pode ser reduzido dependendo de acordo entre os clubes; 2) os deslocamentos são menores dentro dos estados, a maioria de ônibus, o que facilita a disputa das partidas e até o isolamento e testes dos jogadores.
Como serão disputados o Campeonato Brasileiro, que nem começou e precisa de 38 datas, e a Copa Libertadores, que parou na segunda rodada da fase de grupos e necessita de dez datas, além do dia da final em jogo único, é uma incógnita.
Como os times precisam fazer deslocamentos mais longos nessas competições – e no caso da Libertadores e da Sul-Americana, ainda há a questão das fronteiras entre os países, e nossos vizinhos estão com o pé atrás com o número crescente de casos e mortes por Covid-19 no Brasil -, não se tem data para que as partidas ocorram.
Mas mesmo que CBF e Conmebol topem estender o calendário de 2020 para 2021 (hoje a cartolagem torce o nariz para isso, porque atrapalharia os campeonatos do ano que vem), haveria confronto de datas até dezembro. O que fazer então? Jogar mais vezes por semana. Isso já foi discutido em reuniões nas confederações sul-americana e brasileira.
Jogos a cada dois dias eram comuns em décadas passadas. Os times atuavam terça, quinta e domingo, ou mesmo sábado, em mistura de competições como Estaduais, Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e um segundo torneio da Conmebol. Hoje o calendário é mais bem dividido e, apesar de longo, os clubes fazem no máximo duas partidas por semana. Em algumas, ainda têm folga no meio dela, atuando apenas uma vez.
A preparação física nesse retorno do futebol será um ponto importante. Especialistas dizem que seria necessário entre 45 e 60 dias de treinos para se voltar a jogar com segurança para os atletas e evitar lesões, já que eles estão parados há quase três meses, o que nunca ocorre. As férias normalmente são de 30 dias, entre dezembro e janeiro, e logo os jogadores já estão em fase de pré-temporada novamente.
A Fifa e a International Board, o órgão que define as regras do futebol, pensando que muitas federações talvez precisassem encurtar o descanso dos atletas para terminar seus campeonatos, alterou provisoriamente o número máximo de alterações em um jogo de três para cinco. O Campeonato Alemão, que já voltou, adotou a regra, e é provável que CBF e Conmebol também façam isso.
Retirado de: Blog do Marcel Rizzo