Como a venda de Pablo Marí indicou ‘negócio perfeito’ para o Flamengo

Pablo Marí durante treinamento do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
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Pablo Marí deixou o Flamengo rumo ao Arsenal oficialmente por empréstimo. Mas o negócio já condicionava a ida do zagueiro a uma compra do clube inglês. Faltava, portanto, o carimbo. Nesta segunda-feira (22), em entrevista coletiva virtual no Ninho do Urubu o vice-presidente de futebol do clube, Marcos Braz, deixou claro que nem mesmo a lesão sofrida pelo jogador no tornozelo esquerdo na volta da Premier League pode melar o negócio. Para a diretoria, o caso está encerrado. Um “negócio perfeito” que o Flamengo pensou em três frentes antes de concretizar.

“O que eu posso falar é que de fato o Pablo Marí foi vendido. Não tem nenhum questionamento em relação a isso. Nós sabemos que o Pablo teve uma lesão agora. Séria, importante. Mas só que está resolvido esse assunto. E na época certa sairão todos os números nos balanços financeiros do Flamengo como vem sendo feito há muito tempo”, disse Marcos Braz.

Ao analisar a oferta para se desfazer de seu zagueiro titular campeão brasileiro e da Libertadores, a diretoria do Flamengo pensou em três vertentes: financeira, técnica e estratégica de mercado. A negociação só foi concretizada com a certeza de que renderia mais do que o necessário para a compra de Léo Pereira, do Athletico-PR. Dito e feito. O Flamengo endureceu as conversas e não admitiu um empréstimo sem obrigação de compra. Teve a garantia de que o negócio por Marí ficaria, no mínimo, entre uma faixa de seis e dez milhões de euros. E, no máximo, atingiria outra faixa, mas de números bem graúdos: entre 15 e 20 milhões de euros.

Pablo Marí em treino do Arsenal (Foto: Getty Images)

Assim que foi anunciada a sua saída, em 29 de janeiro, o euro tinha cotação de R$ 4,61. Em relatório interno enviado aos sócios do clube em março o Flamengo informou a negociação de Marí no quesito “empréstimo + venda” em R$ 40 milhões. Com a cotação da época seria o equivalente a 8,6 milhões de euros. A explosão do valor depende do desempenho do atleta no clube inglês, onde conquistara a vaga de titular antes da lesão. De qualquer maneira, uma pechincha para o Flamengo. O espanhol foi anunciado pelo clube em 10 de julho de 2019, dia da estreia de Jorge Jesus à frente do Flamengo, contra o Athletico-PR, em Curitiba. Depois de uma boa temporada no La Coruña, na segundona espanhola, o jogador entrou no radar do departamento de inteligência do Flamengo e foi aprovado por Jesus. O preço? Pouco mais de um milhão de euros.

Relatório interno de negócios do Flamengo (Foto: Divulgação)

Em seu balanço de 2019, o Flamengo apontou com exatidão o quanto desembolsou: R$ 5,3 milhões pagos ao Manchester City. Outros R$ 3,8 milhões seriam pagos a Arturo Canales, empresário do zagueiro. No balancete do primeiro trimestre deste ano, o clube indicou que nada mais deve ao City, enquanto Canales tem a receber cerca de R$ 2,7 milhões. Este é o lado financeiro. Com essa certeza, o Flamengo partiu em busca de Léo Pereira, alvo já no início de 2019. Pouco mais de seis milhões de euros por cerca de 90% dos direitos do zagueiro de 23 anos, fartamente analisado pelo departamento de scout do clube e que encaixa nas características pretendidas por Jesus: alto, veloz, canhoto. O clube jogou para não perder no negócio e garantir a reposição técnica de grande qualidade. Léo Pereira, hoje, é titular do técnico português.

Por último, o clube apostou no posicionamento do mercado, embora ainda num mundo pré-pandemia. O Flamengo entendeu que ao liberar Marí para a maior liga do mundo joga holofotes em si a oportunidades atrativas de mundo da bola. A ideia do clube é ser visto como um oásis no futebol brasileiro, uma exceção em um meio equiparado por europeus em geral ao mercado chinês, por exemplo. Chegar ao clube pode significar uma valorização para outro mercado mais forte, como ocorreu com Pablo Marí. Seria mais vantajoso jogar no sexto colocado do Campeonato Espanhol ou na visibilidade rubro-negra na América do Sul? O clube apostou suas fichas e tem a convicção de que o negócio de Marí abrirá portas no mercado, facilitando negociações futuras. Mas, por enquanto, elas devem demorar um bom tempo diante da crise financeira mundial. O retorno esportivo já tinha sido dado pelo zagueiro. O financeiro rumo ao caminho do bolso rubro-negro.

Retirado de: ESPN