Flamengo de Jorge Jesus também estreou com menos posse de bola

Jorge Jesus durante treinamento na academia do Ninho do Urubu (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Uma das aflições da torcida do Flamengo foi assistir ao Defensa y Justicia com 56% do tempo com bola no pé, contraste como o estilo rubro-negro dos últimos três anos. Desde Jorge Jesus, acostumamo-nos a assistir ao domínio do time da Gávea, com longas trocas de passes, mais finalizações e imposição no campo do adversário.

Com Rogério Ceni, houve 45 partidas e só uma vez o Flamengo teve menos posse de bola. Aconteceu na vitória sobre a LDU, em Quito, no dia 4 de maio, terceira rodada da atual edição da Libertadores. Naquele dia, o rubro-negro passou 43% do tempo e a LDU ficou com 57%. O Fla venceu por 3 x 2.

Sob o comando de Jorge Jesus, foram 57 partidas, nove em que o adversário teve mais posse de bola. Athletico Paranaense 1 x 1 Flamengo (Copa do Brasil 2019); Flamengo 1 x 0 Santos, Santos 4 x 0 Flamengo, Athletico Paranaense 0 x 2 Flamengo, Flamengo 2 x 0 Fluminense, Grêmio 0 x 1 Flamengo (Brasileiro 2019), Independiente del Valle 2 x 2 Flamengo, Flamengo 3 x 0 Independiente del Valle (Recopa 2020), Athletico Paranaense 0 x 3 Flamengo (Supercopa 2020).

Os dados são do Footstats e do Espião Estatístico.

Posse de bola não é símbolo de vitória. Em alguns casos, com alguns clubes, é símbolo de imposição de seu estilo. Um exemplo disso era o Brasil de 1994, que teve mais de 50% de posse de bola em todas as partidas daquela Copa. Outro é o Corinthians, de 2002, campeão do Rio-São Paulo e Copa do Brasil dominando as partidas a partir do controle da bola. O mais emblemático, o Barcelona, de Guardiola, que passou três anos e meio com más posesión, como se diz na Espanha,do que o rival.

Por dez anos, entre 2005 e 2015, o Barcelona teve mais posse do que todos os adversários da Liga dos Campeões. Deixou de ter ao enfrentar e perder do Bayern, em 2015. Detalhe: os bávaros eram dirigidos por Guardiola.

Nos seus melhores momentos, o Grêmio de Renato Gaúcho trocava passes, envolvia o adversário e passava mais tempo no campo de ataque do que de defesa. Quando passou a sofrer em alguns jogos, o Grêmio defendia-se e ganhava — ou perdia — buscando as saídas da defesa com precisão cirúrgica no contra-golpe.

É certo que coisas mudarão no Flamengo, de Rogério Ceni para Renato. A médio prazo, haverá mais perseguições individuais na marcação, como já apareceu a marcação homem a homem nas bolas paradas defensivas. A questão será quando a torcida voltar ao Maracanã. As arquibancadas rubro-negras não costumam aceitar um time que se encolha e busque o contra-ataque.

Retirado de: Blog do PVC – Globo Esporte