SAF do Flamengo movimenta os bastidores do clube

Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Marcos Braz, vice de futebol do clube Delmiro Junior/Photo Premium/Gazeta Press
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Conselheiros assinam carta contra SAF no Flamengo

Há algum tempo, Rodolfo Landim tem trazido à discussão o tema da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) no Flamengo.

Nas vezes em que aborda o assunto, ele geralmente associa a transformação do clube em sociedade anônima no futebol à construção de um estádio próprio e à preocupação com a proximidade de rivais que já adotaram o modelo de SAF e têm uma nova fonte de receita, permitindo que alcancem o mesmo patamar financeiro que o Flamengo conquistou ao longo dos anos.

Landim já conduziu algumas reuniões e apresentações para explicar aos conselheiros como seria o projeto que ele idealizou.

(Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)

Porém, a proposta não foi bem recebida nem pelos conselheiros, nem pela maioria dos 50 milhões de torcedores rubro-negros.

Durante uma recente viagem à Europa para assistir à final da Champions League entre Real Madrid e Borussia Dortmund, o atual presidente do Flamengo aproveitou a oportunidade para dialogar com investidores interessados na SAF Flamengo.

Por outro lado, a ala oposta do clube, liderada pelos conselheiros Walter Monteiro, Carlos de Oliveira Ferrão e Gilberto de Oliveira Barros, redigiu uma carta em resposta à ideia de Landim de vender ações do Flamengo.

A seguir está a íntegra da carta-resposta da oposição do Flamengo:

O FLAMENGO NÃO TEM DONO E NUNCA TERÁ! AO INVÉS DE SAF, MAIS
ASSOCIADOS.

De tempos em tempos a Nação Rubro-Negra é ameaçada por insinuações de que seu atual
presidente deseja transferir o futebol do Flamengo para uma Sociedade Anônima do Futebol.

Valendo-se de um argumento falacioso – qual seja, que nessa futura SAF o Clube de Regatas
do Flamengo seria o seu acionista controlador e com isso “nada mudaria” – e ao mesmo
tempo acenando com supostas vantagens ligadas à construção de um estádio próprio,
Landim retoma o assunto, na esperança de derrubar quem ainda se opõe à transferência dos
seus sonhos.

Com todos os seus percalços e óbvias necessidades de melhoria, especialmente no que diz
respeito à superação do amadorismo, há quase 130 anos o Clube de Regatas do Flamengo
tem o seu destino nas mãos de quem a ele se associa. Há mais de 40 anos seus dirigentes são
escolhidos por votação direta a cada 3 anos e qualquer sócio proprietário pode integrar seu
Conselho Deliberativo, órgão a quem o estatuto delega várias decisões cruciais.

Já em uma SAF as decisões passariam para a esfera de um Conselho formado por poucas
pessoas (em geral 5 ou 7 membros). O poder político dos associados do Flamengo se limitaria
a escolher esses apaniguados, que constituiriam uma governança totalmente apartada do
clube.

O Flamengo é poderoso e invejado porque é plural, democrático, acolhedor. Quem deseja
uma SAF sonha com um Flamengo monolítico, concentrador, elitizado, aberto apenas a
quem só sabe dizer amém ao patriarca.

Todos sonhamos com um estádio próprio e para isso podemos – ou melhor, devemos –
buscar parceiros, investidores, acionistas de uma sociedade com esse objeto específico, mas
de modo algum iremos renunciar à soberania de construir nosso futuro coletivamente, que é
a razão do sucesso de nossa vitoriosa jornada desde 1895.

Em 2024 os associados do Flamengo estarão diante da escolha mais importante de sua
centenária história: de um lado, há os que sorrateiramente agem para tomar o Flamengo para
si e passar a decidir o nosso destino a portas fechadas; do outro, há os que resistem ao
sequestro da nossa alma e que sugerem o caminho inverso: quanto mais associados, melhor.

O Flamengo não é do Leblon, o Flamengo é do Brasil. O Flamengo não é de poucos, o
Flamengo é de milhões.

Conselheiros

Walter de Oliveira Monteiro Carlos de Oliveira Ferrão Gilberto de Oliveira Barros.