Deputado tenta impedir mudança da CBF; entenda

Escudo da CBF (Foto: Reprodução)

Um novo projeto de lei apresentado na Câmara dos Deputados reacendeu o debate sobre a identidade da Seleção. A proposta surgiu após a divulgação da possibilidade de que a equipe utilize, na Copa do Mundo de 2026, uma camisa alternativa nas cores vermelha e preta, desenvolvida em parceria com a marca Air Jordan. A iniciativa provocou forte reação no cenário político, motivando a apresentação de textos legislativos por dois parlamentares distintos.

O deputado federal Zé Trovão (PL-SC) protocolou uma proposta que visa obrigar todas as entidades, sejam públicas ou privadas, que representem oficialmente o Brasil, a utilizarem apenas as cores da bandeira nacional — verde, amarelo, azul e branco.

A proposta inclui delegações esportivas, missões diplomáticas, organizações científicas e culturais, além de instituições da sociedade civil que tenham algum tipo de vínculo formal com o poder público, como convênios, parcerias ou contratos. Em caso de descumprimento, o projeto prevê punições que variam de advertências até a proibição de representar o país por até quatro anos.

“O presente projeto de lei visa fortalecer a identidade nacional e promover o sentimento de pertencimento e orgulho entre os brasileiros”, declarou o parlamentar catarinense, que ainda acrescentou: “A presença constante das cores nacionais transmite uma mensagem clara de unidade, compromisso com os valores nacionais e respeito à nossa história”.

Simultaneamente, o deputado Mauricio Macron (Podemos-RS) apresentou uma proposição com foco mais direto no esporte. Ele sugere que atletas, clubes e seleções estejam obrigados a utilizar exclusivamente uniformes que reflitam as cores oficiais do Brasil. Caso a norma seja desrespeitada, empresas com participação da União e órgãos públicos estariam impedidos de oferecer patrocínios, incentivos, auxílios ou bolsas de qualquer natureza.

A medida surge no contexto de uma grande repercussão causada pelo vazamento, pelo site especializado Footy Headlines, do novo uniforme da Seleção. Desde 1958, quando o Brasil conquistou sua primeira Copa do Mundo, a camisa azul tem sido a escolha tradicional como segundo uniforme da equipe nacional. A possível substituição por uma versão predominantemente vermelha alimentou críticas, sobretudo de parlamentares da base bolsonarista.

Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou nas redes sociais que “a camisa da Seleção sempre foi um símbolo da nossa identidade nacional”, completando que “a bandeira do Brasil não é vermelha, e nunca será”. Já o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a mudança ao questionar: “Com essa camisa, o juiz será nosso?”.

Embora o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) determine que a Seleção deve vestir trajes com cores condizentes com a bandeira da entidade, ele também admite exceções em contextos comemorativos. Ainda assim, a proposta de mudança no uniforme foi interpretada por alguns setores como uma tentativa de associação com o Partido dos Trabalhadores (PT), cuja identidade visual inclui a cor vermelha.

“Existem questões subjacentes que aparentemente permeiam a adoção da coloração vermelha neste caso específico, questões estas que extrapolam a seara desportiva. […] O esporte deve se bastar em si mesmo, sem influências potencialmente nefastas”, justificou Mauricio Macron ao apresentar sua proposta.