A chegada de Dorival Júnior ao Corinthians, marcada por expectativa e necessidade urgente de reestruturação, ganhou contornos mais complexos após a goleada sofrida diante do Flamengo. O revés por 4 a 0 no Maracanã, ocorrido no domingo (27), escancarou fragilidades defensivas, apontou carências no elenco e redefiniu as prioridades do treinador no início de sua jornada no clube paulista.
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Logo após sua estreia na Copa do Brasil com vitória sobre o Novorizontino, o técnico foi direto ao comentar o planejamento que passa a adotar. “É um aviso que deixo aqui para que amanhã não digam: ‘pô, está trocando a equipe? Não encontrou o time?’. Precisamos de uma equipe com força e atitude”, afirmou Dorival, deixando evidente que o placar elástico no Maracanã influenciou suas decisões.
A derrota, aliás, serviu como alerta para a urgência em evitar desgastes físicos e emocionais em um calendário denso. Por isso, o rodízio entre titulares e reservas se tornou uma diretriz, não uma exceção.
Reformulações imediatas e rodízio
A proposta do técnico envolve utilizar uma metodologia “jogo a jogo” para escalar o time, o que inclui mudanças frequentes na escalação conforme as condições físicas e técnicas dos atletas. Isso já foi perceptível na estreia: nomes como Charles, Alex Santana e Héctor Hernández começaram jogando, enquanto jogadores experientes, como José Martínez e Yuri Alberto, ficaram no banco.
“Nosso calendário é cruel. Quero uma equipe sempre descansada, não importa quem entre em campo”, reforçou o treinador.
Essa nova conduta também visa a evitar novas apresentações tão frágeis quanto a registrada contra os cariocas. O recado foi direcionado aos torcedores, que esperam por mais consistência defensiva e melhor desempenho coletivo. A princípio, o rodízio também deve ocorrer no confronto com o Internacional, no sábado (03), pela sétima rodada do Brasileirão, onde atletas como Raniele, Igor Coronado e Memphis Depay podem ser acionados desde o início.
Reflexo nas prioridades e desafios
A derrota para o Flamengo acentuou os obstáculos que Dorival já tinha ao assumir o Timão. O primeiro deles é reconstruir a imagem após uma passagem questionada pela Seleção Brasileira, onde sofreu uma derrota marcante para a Argentina. A goleada recente reacendeu as críticas e impôs uma pressão imediata por respostas dentro de campo.
Outro ponto sensível é o sistema defensivo. Ao todo, o Corinthians sofreu 29 gols na temporada, sendo nove em jogadas aéreas. A necessidade de encontrar uma dupla de zaga confiável se tornou imperativa, sobretudo porque opções como Félix Torres, Gustavo Henrique e André Ramalho ainda não entregaram segurança. O próprio Gustavo será desfalque por pelo menos um mês, após lesão que exigirá cirurgia.
Sul-Americana e a urgência por reação
Na Copa Sul-Americana, a situação também é preocupante. Restando três rodadas para o fim da fase de grupos, o clube está em terceiro lugar e precisa de um aproveitamento quase perfeito para alcançar o mata-mata. Assim, a margem para erros diminuiu ainda mais depois da goleada no Brasileirão, que comprometeu o ambiente interno e cobrou uma reação imediata.
Gestão de grupo e valorização individual
Outro reflexo da goleada foi a maior atenção dada à insatisfação de jogadores-chave. Memphis Depay, por exemplo, reclamou anteriormente das escolhas táticas de Ramón Díaz, alegando ser utilizado longe de sua zona de conforto. O novo técnico, ciente da relevância do atacante holandês, tenta não apenas reposicioná-lo taticamente, mas também conquistar sua confiança a fim de assegurar seu comprometimento — inclusive em eventual renovação de contrato.