A possibilidade de a Seleção Brasileira adotar um uniforme vermelho como segunda opção para a Copa do Mundo de 2026 desencadeou forte reação negativa entre os torcedores e figuras do meio esportivo. Segundo levantamento da consultoria Quaest, divulgado na quarta-feira (01), 90% das 24 milhões de interações monitoradas nas principais redes sociais entre segunda-feira (28) e terça-feira (29), às 19h, foram contrárias à proposta.
Notícias mais lidas:
A ampla rejeição ganhou força após a publicação de uma matéria no portal britânico Footy Headlines, especializado em uniformes esportivos, que indicava que a tradicional camisa azul poderia ser substituída por uma vermelha, supostamente vinculada à linha Jordan, da Nike.
As imagens não oficiais da peça começaram a circular com intensidade, o que aumentou a especulação e inflamou os debates. Torcedores alegaram que a mudança fere a tradição da Seleção, enquanto outros associaram a cor a posicionamentos políticos, o que gerou ainda mais polarização.
CBF se manifesta
Frente à repercussão negativa, a Confederação Brasileira de Futebol se viu obrigada a emitir um comunicado oficial na terça-feira (29). Na nota, a entidade afirmou que “as imagens divulgadas não são oficiais” e que tanto ela quanto a Nike “não divulgaram formalmente detalhes sobre a nova linha da Seleção”.
A CBF acrescentou que o novo uniforme será definido em conjunto com a fornecedora e que os padrões tradicionais — amarelo como primeiro uniforme e azul como segundo — serão mantidos, conforme o previsto no Artigo 13, inciso III, do estatuto da entidade, que exige o uso das cores da bandeira da CBF em jogos oficiais.
Apesar disso, o estatuto admite exceções em situações comemorativas, desde que aprovadas pela diretoria da confederação. Um exemplo citado foi o uso da camisa preta no amistoso contra Guiné, em junho de 2023, como parte de uma ação contra o racismo. Mesmo assim, a eventualidade de um modelo vermelho para compromissos oficiais segue fora do escopo, segundo reforço da própria CBF.
Aceitação da camisa
Entre os nomes do cenário esportivo que se posicionaram publicamente contra a possível inovação, está o narrador Galvão Bueno. Durante o programa “Galvão e Amigos”, exibido pela Band, o jornalista classificou a ideia como absurda.
“A história do futebol brasileiro é muito rica, de momentos difíceis, mas também de muitas conquistas. Eu transmiti 52 jogos da Seleção. Então, acho que tenho algum direito de falar, mesmo sem nunca ter vestido a camisa”, declarou.
O ex-lateral Michel Bastos também defendeu a permanência das cores tradicionais, e o comentarista Walter Casagrande chegou a chamar a proposta de “imbecilidade”, demonstrando forte oposição à ideia.
Historicamente
O Brasil usou camisas vermelhas apenas em duas ocasiões, ambas nos antigos Campeonatos Sul-Americanos, atuais Copa América — em 1917 e 1936 — por necessidade, diante de adversários que utilizavam uniformes brancos. Desde então, a combinação amarelo e azul se consolidou como símbolo nacional, e qualquer tentativa de rompimento com essa identidade gera, inevitavelmente, resistência.
A previsão é de que os novos uniformes da Seleção sejam lançados oficialmente apenas em março de 2026, três meses antes do início do Mundial, que ocorrerá no México, Estados Unidos e Canadá. Até lá, a CBF promete manter o padrão histórico que acompanha a equipe canarinho há décadas.