O Corinthians decidiu suspender, por tempo indeterminado, qualquer movimentação funcional em seus departamentos. A medida, assinada pelo presidente Augusto Melo e pelo novo diretor administrativo Ricardo Jorge, impede novas contratações, promoções e reajustes salariais no clube. A decisão ocorre em um momento delicado, em que a gestão atual enfrenta forte pressão interna e questionamentos sobre a condução administrativa.
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A suspensão atinge todos os setores da instituição, do operacional à alta gestão. Contudo, o departamento de futebol poderá ser contemplado com maior flexibilidade para movimentações pontuais, visto que opera com um centro de custo separado e mais estruturado financeiramente. Ainda assim, eventuais exceções só serão permitidas em situações de urgência e deverão seguir critérios rigorosos de avaliação.
Segundo a diretoria, a medida foi adotada com o intuito de preservar a responsabilidade fiscal e buscar um reequilíbrio financeiro. “Estamos tomando decisões duras, mas necessárias, com o propósito de proteger o clube”, afirmou um dirigente do alto escalão, sob condição de anonimato. A expectativa é de que todos os setores sigam à risca a orientação, sem exceções não justificadas.
O cenário no Parque São Jorge é de instabilidade. O balanço referente ao primeiro ano da gestão de Augusto Melo foi reprovado tanto pelo Conselho Fiscal quanto pelo Conselho de Orientação (Cori). Ambos os órgãos apontaram um crescimento significativo no passivo total do clube, o que intensificou os questionamentos internos sobre a condução administrativa.
A divergência nos números também aumentou o desgaste. Enquanto a diretoria divulgou um acréscimo de quase R$ 600 milhões no passivo, o Cori afirma que o crescimento foi de R$ 829 milhões. O Corinthians sustenta que o valor mencionado se refere ao passivo total, incluindo receitas ainda não recebidas, e não à dívida bruta. Atualmente, o passivo total é de R$ 2,568 bilhões, sendo R$ 1,9 bilhão do clube e R$ 668 milhões ligados à Neo Química Arena.
Como resultado, Augusto Melo enfrenta mais uma ameaça política. Um novo pedido de impeachment foi protocolado, desta vez motivado pela suposta ausência de documentos obrigatórios na prestação de contas. Ele já havia sido alvo de um pedido anterior, relacionado ao contrato com a casa de apostas VaideBet, mas o processo acabou não avançando. A instabilidade política, somada às dificuldades financeiras, impõe um momento crítico ao Corinthians, que segue pressionado por resultados dentro e fora de campo.