Romeu Tuma sugere novo prazo para julgamento do impeachment de Augusto Melo, do Corinthians

Augusto Melo - Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Augusto Melo - Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

O processo de impeachment contra Augusto Melo, presidente do Corinthians, ganhou novos desdobramentos após a decisão do Conselho Deliberativo de adiar a votação definitiva. Conforme declarado por Romeu Tuma Jr., presidente do órgão, a deliberação será retomada apenas após a conclusão do inquérito policial que apura possíveis irregularidades no contrato firmado entre o clube e a casa de apostas VaideBet.

Contexto e posicionamento do Conselho

Durante entrevista realizada na manhã de quarta-feira (07 de maio), no Parque São Jorge, Tuma Jr. destacou que a expectativa é de que o inquérito, conduzido pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) e pela Delegacia Especializada em Lavagem de Dinheiro, seja finalizado até o fim do mês ou, no mais tardar, no início de junho.

“Vamos esperar acabar o inquérito. Parece que agora está no fim. Quando terminar, a reunião será marcada para concluirmos o processo”, afirmou o dirigente.

Ainda que o Conselho tenha optado por esperar, existe a possibilidade de o rito ser retomado antes da conclusão oficial da investigação, caso esta se prolongue além do previsto. Tuma Jr. ponderou que “o tempo da Justiça é um e o tempo do Corinthians é outro”, indicando que o clube pode seguir com o processo estatutário de impeachment independentemente do andamento jurídico externo.

Acusações e pedidos de afastamento

Augusto Melo responde atualmente a quatro pedidos distintos de impeachment. O primeiro, relacionado à polêmica com a VaideBet, teve sua votação de admissibilidade aprovada em 20 de janeiro por 126 votos a 114, em uma reunião interrompida posteriormente por questões de segurança.

Na ocasião, conselheiros alegaram receio de comparecer presencialmente devido a ameaças e episódios de intimidação. “Temos um inquérito apurando violência contra os conselheiros”, revelou Tuma.

Os demais processos tratam da falta de transparência sobre as pendências financeiras do clube, da reprovação das contas da atual gestão referentes ao ano de 2023 e, mais recentemente, de uma denúncia protocolada pela Comissão de Justiça do próprio clube.

Essa última, assinada por Leonardo Pantaleão — ex-diretor jurídico da administração —, menciona inclusive aspectos da Lei Geral do Esporte para justificar a solicitação de afastamento imediato do presidente, sob a acusação de gestão temerária.

Entenda o caso VaideBet

O contrato assinado em janeiro de 2024 entre o Corinthians e a VaideBet, considerado à época o maior patrocínio máster do futebol nacional, se tornou centro de uma controvérsia. Após cinco meses, a empresa decidiu rescindir o vínculo com o clube devido à suspeita do uso de uma empresa laranja na intermediação do acordo.

O escândalo veio à tona por meio de uma publicação do jornalista Juca Kfouri. Segundo a denúncia, parte do valor de comissão pago pelo clube à intermediadora Rede Social Media Design LTDA foi repassado à Neoway Soluções Integradas, empresa cuja sócia, Edna Oliveira dos Santos, negou qualquer conhecimento sobre a transação. A VaideBet chegou a emitir uma notificação extrajudicial ao Corinthians, apontando a violação de cláusulas anticorrupção presentes no contrato.

Além de Melo, também foram ouvidos pela polícia o diretor Marcelo Mariano e o ex-integrante da diretoria, Sérgio Moura. As oitivas ocorreram sob supervisão do delegado Tiago Fernando Correia e do promotor Juliano Carvalho Atoji, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).

Impactos e próximos passos

A Comissão de Ética do clube ainda irá ouvir o presidente antes da votação definitiva. Caso o impeachment seja aprovado pelo Conselho Deliberativo, uma Assembleia Geral com os sócios será convocada para confirmar ou não a decisão.

Enquanto isso, o clube também enfrenta debates internos sobre a possibilidade de reabertura das contas de 2023, tema que Tuma considera juridicamente delicado e arriscado para a instituição. “Pode desencadear uma situação grave para o Corinthians”, disse ele, ao destacar que os dados financeiros foram apresentados por membros da atual gestão, e não pela anterior.

Assim sendo, o Corinthians vive uma fase de instabilidade política significativa, com sua presidência sob pressão constante e o futuro do comando do clube ainda indefinido.