Um estudo da Sports Value revelou um quadro alarmante das finanças dos principais clubes do futebol brasileiro. Conforme os dados mais atualizados, o endividamento total das 20 maiores agremiações esportivas do país ultrapassou a marca de R$ 12 bilhões ao longo do ano de 2024.
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A situação escancara desafios estruturais, má gestão recorrente e a necessidade urgente de reformulação nos modelos administrativos praticados por diversas entidades esportivas.
Corinthians lidera ranking de endividamento
O Corinthians aparece como o clube mais endividado do país, com um passivo de R$ 1,9 bilhão. De acordo com o levantamento, desse total, cerca de R$ 400 milhões foram acumulados durante a gestão atual, comandada por Augusto Melo, enquanto aproximadamente R$ 300 milhões são referentes a juros de dívidas herdadas de administrações anteriores.
A diretoria corintiana afirmou que, no balanço de 2024, haverá reconhecimento de obrigações de gestões passadas que até então não estavam contabilizadas.
A nota oficial divulgada pelo clube ainda destaca uma série de medidas adotadas com o intuito de reestruturação, como a adesão ao programa de Recuperação do Crédito Esportivo (RCE), negociação com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e trâmites na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD).
O clube projeta, para o próximo balanço, recordes históricos de receita e EBITDA, além de resultado operacional próximo ao equilíbrio.
Crescimento geral das dívidas
O aumento das dívidas não se restringe ao Corinthians. O Atlético Mineiro é o segundo da lista, com R$ 1,4 bilhão, e teve um acréscimo de 3% em relação ao ano anterior. Na terceira colocação, o Cruzeiro acumulou R$ 981,1 milhões e apresentou um salto significativo de 66% em sua dívida no período de um ano.
Outros clubes com saldos negativos elevados são Vasco (R$ 928,5 milhões), São Paulo (R$ 852,9 milhões) e Internacional (R$ 834,8 milhões).
Dupla Flamengo e Palmeiras
Ainda que clubes como Flamengo e Palmeiras tenham se destacado em arrecadação, com receitas de R$ 1,334 bilhão e R$ 1,274 bilhão, respectivamente, a maioria das instituições apresenta dificuldades para alinhar suas receitas com a estrutura de gastos e encargos acumulados.
A disparidade entre arrecadação e passivos mostra-se crítica especialmente em equipes como o Bahia, que saltou de superávit para um déficit de R$ 246,5 milhões, e o São Paulo, que encerrou 2024 com saldo negativo de R$ 287,6 milhões.
Receitas históricas, mas desequilíbrio persiste
Apesar do cenário preocupante no campo das dívidas, as receitas dos clubes bateram recordes em 2024, totalizando R$ 10,9 bilhões — marca nunca antes atingida no futebol nacional. Os principais vetores de arrecadação foram os direitos de transmissão (R$ 3,3 bilhões), transferências de jogadores (R$ 2,9 bilhões), marketing (R$ 1,9 bilhão), bilheteria (R$ 1,1 bilhão) e programas de sócio-torcedor (R$ 850 milhões).
Entretanto, a elevação das receitas não tem sido suficiente para conter o avanço dos passivos. O desequilíbrio entre ganhos operacionais e despesas acumuladas segue sendo um entrave, sobretudo diante da alta da taxa Selic, que encarece o custo das dívidas contraídas.
Clubes com saldo positivo e exceções no cenário
Enquanto a maioria dos clubes figura no vermelho, Athletico Paranaense e Cuiabá despontam como exceções. Ambos encerraram 2024 sem dívidas líquidas registradas, conforme o estudo. O Athletico, aliás, manteve uma receita expressiva de R$ 572,8 milhões.
Esses casos revelam que, com administração cautelosa e planejamento sustentável, é possível manter a saúde financeira mesmo dentro da complexa realidade econômica do futebol brasileiro.