John Textor, proprietário da SAF do Botafogo, vive um momento delicado dentro e fora dos gramados. A Eagle Football Holdings, holding responsável pela gestão de clubes como Botafogo, Lyon, Crystal Palace e Molenbeek, está sob risco iminente de ser dissolvida no Reino Unido. A crise institucional coincide com um recuo estratégico do empresário em relação ao litígio movido contra a CBF por denúncias relacionadas à arbitragem do Campeonato Brasileiro de 2023.
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Ameaça de dissolução da Eagle Football
A situação crítica da Eagle Football decorre do não cumprimento de exigências legais por parte da empresa no Reino Unido. O governo britânico já iniciou formalmente um processo de remoção do registro comercial da holding, e a notificação oficial deve ser entregue em até dez dias.
Conforme os registros públicos, a companhia falhou na entrega de demonstrações financeiras referentes ao exercício encerrado em 30 de junho de 2024. Além disso, a atualização da declaração de confirmação obrigatória está pendente desde setembro de 2023.
Segundo o procedimento previsto, Textor terá um período de três meses para regularizar todas as pendências. Caso contrário, os ativos da Eagle poderão ser assumidos pelo governo britânico, o que implicaria diretamente na estrutura societária dos clubes sob seu comando.
O cenário de incerteza empresarial repercute em outros mercados. Na França, a Federação Francesa de Futebol rejeitou a documentação apresentada pelo Lyon, impedindo o clube de obter licença para participar de competições europeias.
A entidade chegou a alertar que o clube poderia ser substituído, mesmo em caso de classificação por desempenho no Campeonato Francês.
Botafogo abandona disputa arbitral com CBF
Paralelamente à crise internacional, Textor optou por retirar o processo que a SAF Botafogo movia contra a Confederação Brasileira de Futebol. A ação arbitral, protocolada no Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA) em julho de 2024, visava reverter decisões do STJD que arquivaram as denúncias feitas pelo empresário.
As acusações de Textor surgiram após uma derrota do Botafogo para o Palmeiras, no Brasileirão de 2023, em partida marcada por reviravolta e expulsão polêmica do zagueiro Adryelson. Na ocasião, o norte-americano classificou a arbitragem como “corrupção” e “roubo”, além de pedir publicamente a saída do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
O empresário alegou ainda possuir gravações de árbitros reclamando de propinas não pagas, prometendo apresentá-las em trinta dias — o que nunca ocorreu. O caso acabou rendendo um processo contra ele no STJD. Agora, a retirada do processo de arbitragem representa um gesto de distensão. Em comunicado ao CBMA, os advogados da SAF afirmaram:
“Informamos a desistência da presente arbitragem e requeremos a consequente baixa e arquivamento do procedimento”.
Reaproximação institucional e futuro incerto
A decisão de recuar na disputa judicial foi precedida por declarações públicas de apoio à reeleição de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF. Textor também suavizou seu discurso em relação à presidente do Palmeiras, Leila Pereira, a quem recentemente chamou de “grande líder de um grande negócio”, após tê-la processado por injúria e difamação meses antes.
Mesmo com os esforços para reduzir tensões, as complicações jurídicas enfrentadas pela Eagle Football indicam desafios significativos no planejamento futuro do grupo esportivo. Além do Botafogo, clubes como Lyon e Molenbeek lidam com entraves regulatórios, o que coloca sob questionamento a estabilidade da estrutura criada por Textor para operar o modelo de clube-empresa.