A Justiça do Rio de Janeiro rejeitou o pedido de medida protetiva feito pela advogada Larissa Ferrari contra Dimitri Payet, meia do Vasco. A decisão, divulgada na sexta-feira (09), foi acompanhada de uma manifestação do Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), que, apesar de considerar pertinentes as medidas solicitadas, declinou da competência por entender que os supostos crimes ocorreram no Paraná, local onde a denunciante residia à época dos fatos.
Notícias mais lidas:
O processo, que já havia sido transferido anteriormente, foi novamente remetido para o Juízo de União da Vitória, no Paraná. Segundo a defesa da advogada, representada pelos advogados Pedro Pontes e Jorge Vacite Neto, essa nova transferência deixa a vítima em condição de vulnerabilidade.
“Infelizmente, diante das violências sofridas e das ameaças proferidas pelo agressor, a vítima, temendo por sua integridade física, precisou retornar às pressas à sua cidade natal, sem sequer recolher seus pertences pessoais”, afirmou a defesa, que também alega que Larissa estava morando e trabalhando no Rio desde fevereiro, fato de conhecimento do jogador.
Larissa, de 28 anos, torcedora declarada do Vasco, acusa o francês de agressões físicas, sexuais e psicológicas. A relação entre os dois teria começado em 2024, por meio de mensagens trocadas nas redes sociais, resultando em um relacionamento extraconjugal. Em depoimentos às autoridades policiais dos dois estados, a advogada relatou episódios de violência motivados por ciúmes do jogador.
“Dimitri sabia da minha paixão e de problemas psicológicos, usando isso contra mim”, disse ela, mencionando ainda práticas de humilhação e submissão. “Ele me convenceu a colocar minha cabeça no lixo, no vaso sanitário, me fez tomar minha própria urina e outras bizarrices sexuais.”
A advogada revelou sofrer de transtorno de personalidade borderline, o que, segundo ela, foi explorado por Payet durante o relacionamento. Ela ainda declarou ter enviado ao processo imagens de hematomas em seu corpo como prova das agressões sofridas.
Versão de Payet
Já o atleta, em depoimento prestado à Delegacia de Atendimento à Mulher, negou qualquer prática abusiva. Ele confirmou o envolvimento com Larissa, mas alegou que todas as experiências foram consensuais, sugeridas por ela e sem qualquer menção prévia à condição psicológica.
Payet afirmou que as marcas vistas nas imagens anexadas à denúncia seriam resultado de relações sexuais consensuais com uso de objetos e que foram agravadas devido à “pele muito clara” da advogada.
O jogador ainda revelou que Larissa, diante do término iminente do contrato dele com o Vasco, propôs a continuidade do relacionamento na França, desde que ele arcasse com todas as despesas. Após recusar a proposta, Payet afirma que o comportamento da mulher mudou drasticamente e que os dois não se encontraram mais desde então.
De acordo com o relato do jogador, Larissa o teria ameaçado por mensagens, afirmando que, caso ele não a procurasse em até quatro horas, ela tornaria públicas informações íntimas do casal. Logo depois disso, o jogador foi surpreendido com registros de ocorrência em seu nome.
A defesa de Payet, conduzida pela advogada Sheila Lustoza, se posicionou após a decisão judicial que negou a medida protetiva: “Recebemos com respeito a acertada decisão e lamentamos o vazamento seletivo de informações sigilosas do processo. Temos absoluta certeza da inocência de nosso cliente e confiança na Justiça”.
Vasco da Gama
Por sua vez, o Vasco da Gama declarou, por meio de nota oficial, que ainda não foi notificado formalmente sobre os desdobramentos do caso. O clube destacou que o jogador vem colaborando com as autoridades e já prestou depoimento, acrescentando que aguarda a conclusão das investigações para tomar qualquer posicionamento.
Apesar da negativa judicial, a Defensoria Pública do Paraná, que representa Larissa no estado, já entrou com recurso na tentativa de garantir medidas de proteção à advogada. O cenário atual, contudo, permanece indefinido, com o processo sendo deslocado entre diferentes jurisdições e sem medidas de proteção formalmente concedidas até o momento.