A participação do zagueiro Ayrton Costa na Copa do Mundo de Clubes da FIFA está seriamente ameaçada. O defensor do Boca Juniors, de 25 anos, teve duas solicitações de visto negadas pelos Estados Unidos, país-sede da competição, prevista para começar em junho.
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A recusa está diretamente ligada ao seu histórico judicial na Argentina, mais especificamente a um caso de roubo qualificado ocorrido em 2018, no qual foi acusado de envolvimento junto ao irmão e um terceiro homem.
Conforme revelado, Ayrton está atualmente em liberdade condicional, o que compromete sua elegibilidade para entrar em solo norte-americano. O episódio é classificado nos Estados Unidos como um “Crime Involving Moral Turpitude” (CIMT), ou seja, uma infração que envolve conduta moralmente torpe, como desonestidade, violência ou ameaça grave.
Esse tipo de delito, segundo o advogado Vinicius Bicalho, membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), é suficiente para tornar qualquer pessoa inadmissível, mesmo que o objetivo da viagem não seja imigratório.
“Nos Estados Unidos, quem é condenado por um crime que envolve torpeza moral pode ser considerado inadmissível”, afirmou Bicalho. Ele acrescenta que, embora existam exceções — como idade inferior a 18 anos na data do delito ou penas muito leves —, a rigidez dos critérios deixa pouco espaço para interpretações subjetivas, ainda que o envolvido seja um atleta de elite.
A diretoria do Boca já estava ciente da situação judicial do jogador e realizou duas tentativas formais de obtenção de visto, a primeira em 2024 e a segunda neste ano. Ambas foram frustradas. Diante do impasse, o clube argentino busca apoio institucional, inclusive com respaldo da FIFA, para tentar reverter a decisão.
A alternativa mais discutida seria a liberação por meio de um processo especial, mas essa medida depende exclusivamente das autoridades dos Estados Unidos.
Além do roubo, outras circunstâncias tornam o caso ainda mais delicado. De acordo com informações divulgadas, Ayrton figura como investigado em dois processos judiciais distintos. Um deles está relacionado a um feminicídio em que o principal acusado é seu irmão, enquanto o outro envolve um suposto crime cometido por amigos do jogador, no qual seu nome aparece de forma secundária.
Apesar de não haver condenações nestes casos, a existência dos registros contribui para a recusa do visto, já que as autoridades norte-americanas costumam realizar checagens rigorosas de antecedentes.
A exclusão do jogador representa um desafio relevante para o Boca Juniors, sobretudo diante do peso da competição. O clube está no Grupo C do torneio e tem estreia marcada para 16 de junho, contra o Benfica, em Miami, às 19 horas (de Brasília). Também enfrentará o Bayern de Munique e o Auckland City na fase de grupos.
Embora a mobilização institucional siga em andamento, especialistas afirmam que o histórico pessoal de Ayrton poderá continuar sendo um obstáculo intransponível. “O prestígio ou a relevância esportiva não têm valor diante de critérios migratórios que priorizam a segurança e a integridade moral”, reiterou o jurista Bicalho.