A nomeação de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira não foi apenas uma decisão baseada em currículo e conquistas. Nos bastidores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a presença de Neymar despontou como fator determinante para a efetivação do treinador italiano.
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O atacante, atualmente com 33 anos, teve influência decisiva na condução das tratativas, sobretudo quando a entidade optou por não levar adiante negociações com Jorge Jesus, técnico que, anteriormente, havia barrado Neymar no Al-Hilal.
A CBF identificou na possível nomeação de Jorge Jesus um risco de atrito direto com o principal nome da equipe nacional nos últimos 14 anos. A rejeição do técnico português ao atacante, no fim do ano passado, quando comandava o clube saudita, serviu como alerta para o presidente Ednaldo Rodrigues. “Haveria um problema enorme para administrar com Jesus e Neymar juntos no selecionado”, relatou uma fonte próxima à diretoria da entidade.
Assim, o nome de Ancelotti ganhou força interna, impulsionado por seu histórico com atletas brasileiros e pela boa relação – ainda que superficial – com o camisa 10. A percepção dentro da confederação é de que o italiano compreende como poucos o perfil psicológico do jogador brasileiro, tendo trabalhado com 43 nomes do país ao longo de sua trajetória.
O presidente da CBF, que sonha ver Neymar como capitão na campanha rumo ao hexa em 2026, entendeu que trazer Ancelotti era uma solução equilibrada. “Ele tem personalidade e currículo para enfrentar qualquer jogador, quando necessário”, destacou uma fonte ligada à cúpula da entidade.
Ainda que a relação entre os dois não tenha sido próxima, ela nunca apresentou atritos, o que pesou a favor na balança política e esportiva da escolha.
A trajetória até o acerto, contudo, passou por impasses. A permanência de Ancelotti no Real Madrid e o afastamento temporário de Ednaldo da presidência da CBF esfriaram negociações. A retomada só aconteceu com o desgaste do técnico no clube espanhol, que culminou em eliminações dolorosas, como nas quartas da Liga dos Campeões diante do Arsenal, além da perda da Copa do Rei para o Barcelona.
A partir desse cenário, o presidente da entidade brasileira intensificou os contatos por meio do empresário Diego Fernandes, que assumiu as conversas com o estafe do treinador. A diretoria da CBF atendeu a todas as exigências de Ancelotti, que abriu mão de aproximadamente R$ 22 milhões em salários ao deixar o Real Madrid, clube com o qual tinha vínculo até o fim de 2026.
Aliás, a escolha pelo italiano também representou um movimento da CBF para se desvincular de uma longa sequência de insucessos com técnicos brasileiros. Desde a saída de Tite, em 2022, passaram pela Seleção Fernando Diniz, como interino, e Dorival Júnior, demitido após resultados insatisfatórios na Copa América e nas Eliminatórias.
Com 30 títulos internacionais no currículo, entre eles cinco Ligas dos Campeões e quatro Mundiais de Clubes, Ancelotti é visto internamente como “um professor” que inspirou até mesmo treinadores locais como Tite e Felipão.
Ao assumir o comando do Brasil, ele se tornará o primeiro estrangeiro a liderar oficialmente a equipe masculina principal da Seleção, iniciando seu trabalho no dia 26 de maio e estreando nos jogos contra Equador e Paraguai pelas Eliminatórias.