Casa de apostas confirma envolvimento de grupo ligado a Bruno Henrique, do Flamengo

Bruno Henrique em embarque do Flamengo - Foto: Adriano Fontes/Flamengo
Bruno Henrique em embarque do Flamengo - Foto: Adriano Fontes/Flamengo

A casa de apostas Blaze confirmou oficialmente à Polícia Federal (PF) que cinco apostas relacionadas ao atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foram realizadas em sua plataforma referente ao cartão do atleta. A informação é do ‘Metrópoles’. As operações foram efetuadas por pessoas diferentes, mas com um objetivo comum: lucrar com a possibilidade de o jogador receber um cartão amarelo durante o confronto contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023.

Os valores apostados totalizaram R$ 1.948 e geraram um retorno de R$ 5.844. Conforme os dados fornecidos pela Blaze, os envolvidos nesse segundo grupo de apostadores são Douglas Ribeiro — que realizou duas apostas, uma de R$ 64 (com retorno de R$ 192) e outra de R$ 150 (com retorno de R$ 450) —, Rafaela Cristina, que investiu R$ 634 e obteve R$ 1.902, Claudinei Vitor, com aposta de R$ 600 e ganho de R$ 1.800, e Andryl Sales, que colocou R$ 500 e obteve retorno de R$ 1.500.

Anteriormente, a PF já havia identificado um primeiro núcleo suspeito, formado por familiares de Bruno Henrique, entre eles o irmão, a cunhada e uma prima. No total, o atacante e outras dez pessoas foram formalmente indiciados por estelionato e fraude em competição esportiva.

Além dos dados fornecidos pela Blaze, outras casas de apostas, como Betano, GaleraBet e KTO, revelaram concentração incomum de apostas no evento específico do cartão ao atleta. A Betano apontou que 98% das apostas estavam direcionadas à advertência ao jogador, enquanto a GaleraBet indicou 95%. Já a KTO confirmou movimentação significativa, embora não tenha especificado o percentual exato.

Mensagens obtidas pela PF a partir do celular de Wander Nunes Pinto Júnior, irmão de Bruno Henrique, sugerem que o jogador compartilhou antecipadamente informações sobre sua conduta em campo. Em uma das conversas, datada de 29 de agosto, Wander perguntou ao atacante se ele conseguiria evitar levar cartão até determinada data.

O atleta respondeu que só tomaria a advertência caso entrasse forte em algum lance. A resposta motivou o irmão a declarar que faria a aposta, considerando-a um “investimento com sucesso”.

Outro diálogo considerado comprometedor pela PF foi registrado em dezembro, quando Wander relatou dificuldades financeiras e pediu ao irmão R$ 4 mil emprestados. Justificou o pedido mencionando que uma das apostas não havia sido paga até aquele momento: “Coloquei [R$] 3 [mil] pra ganhar [R$] 12 [mil], e eles bloquearam por suspeita”.

Segundo a Blaze, todas as informações foram fornecidas às autoridades em conformidade com a legislação brasileira, destacando a colaboração com a investigação. A empresa afirmou que compartilha dados cadastrais básicos mesmo sem ordem judicial, conforme previsto pelo Marco Civil da Internet e a Lei de Lavagem de Dinheiro.

Em nota, declarou: “Repudiamos qualquer conduta ilícita e permanecemos à disposição das autoridades”.

A Polícia Federal analisa atualmente as informações obtidas e deve incorporar os novos elementos ao relatório complementar da investigação. O documento, ainda em produção, poderá ser finalizado em até um mês após o recebimento de todos os dados, encerrando essa etapa da apuração.

O caso também está sob avaliação do Ministério Público do Distrito Federal, que poderá formalizar denúncia contra o jogador.