Ednaldo Rodrigues revela detalhes da negociação com Ancelotti

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, em entrevista coletiva da seleção brasileira feminina (Foto: Thais Magalhães/CBF)

A Confederação Brasileira de Futebol confirmou, recentemente, a contratação de Carlo Ancelotti para o comando técnico da Seleção Brasileira. A decisão, segundo o presidente Ednaldo Rodrigues, culmina um processo iniciado ainda em 2023, interrompido pelo seu afastamento temporário da presidência da entidade, e retomado posteriormente, com base no mesmo contrato que havia sido inicialmente acertado.

O dirigente explicou ao UOL que o acerto foi possível graças à liberação dada pelo Real Madrid há cerca de 20 dias. A negociação precisou respeitar os trâmites institucionais, evitando qualquer tratativa enquanto Dorival Júnior ainda ocupava o cargo. Ednaldo garantiu: “não faço tratativa com antecedência com pessoa no cargo”.

A escolha por Ancelotti, aliás, não foi casual. Ednaldo destacou a experiência do italiano em lidar com pressão, seu trabalho mental com jogadores e os diversos elogios vindos tanto de atletas da Seleção quanto de outros que já trabalharam com ele.

“Todos diziam de uma forma: ‘esse é muito bom, mas acho difícil’”, relembrou o presidente, enfatizando o quanto a contratação parecia inalcançável em determinado momento.

Conforme relatado, o contrato assinado é praticamente idêntico ao que havia sido fechado anteriormente, sem necessidade de renegociação financeira. Um dos poucos detalhes confirmados publicamente é a exigência do treinador de residir no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro.

No entanto, não há cláusulas que obriguem treinamentos na Granja Comary, embora Ancelotti tenha demonstrado grande interesse em visitar e conhecer o centro de treinamento.

A comissão técnica contará com quatro profissionais levados pelo italiano, com possibilidade de acréscimo de mais um integrante. Essa equipe trabalhará integrada com a atual estrutura da CBF, sem substituições. Quanto a nomes como Kaká, mencionados anteriormente, o treinador não fez novos pedidos nesse sentido.

O técnico desembarca no país na próxima semana e, na segunda-feira (26 de maio), realizará sua primeira coletiva oficial. Nessa ocasião, ele também anunciará a lista de convocados para os próximos compromissos contra Paraguai e Equador.

A convocação será resultado da continuidade do trabalho conduzido por analistas e membros da comissão, que vinham monitorando atletas desde o fim da passagem de Dorival.

A contratação também reflete um momento delicado para a CBF, que enfrenta disputas jurídicas que ameaçam a permanência de Ednaldo no comando. Questionado sobre o impacto dessa instabilidade, o presidente afirmou que segue trabalhando normalmente e que a assessoria jurídica da entidade está empenhada em garantir a legalidade do seu mandato.

Apesar da histórica escolha de um estrangeiro — algo inédito em Copas do Mundo pela Seleção Brasileira —, Ednaldo foi enfático ao dizer que não há preconceito na CBF quanto à nacionalidade de treinadores: “Ganhamos cinco Copas com brasileiros e perdemos com brasileiros. Entendemos que era o melhor nome”.

O dirigente, ao comentar sobre o futuro, destacou que há previsão contratual para renovação, mas somente se houver interesse mútuo após a Copa de 2026. “A meta dele é ser campeão do mundo com a seleção”, afirmou. Até lá, o foco será total no projeto que, até pouco tempo atrás, parecia impossível de se concretizar.