Justiça condena torcedores em caso envolvendo Vini Jr, do Real Madrid

Vinícius Júnior ao comemorar gol marcado contra o Barcelona (Foto: Reprodução/Real Madrid)

A Justiça espanhola anunciou nesta quinta-feira (15 de maio) a condenação de cinco torcedores do Valladolid a um ano de prisão por insultos racistas dirigidos a Vinicius Júnior, atacante do Real Madrid. O episódio ocorreu em 30 de dezembro de 2022, durante a 15ª rodada da temporada 2022/23 do Campeonato Espanhol, no Estádio José Zorrilla, casa do clube castelhano.

Durante a partida, o jogador brasileiro foi alvo de agressões verbais por parte de membros da torcida local enquanto se dirigia ao banco de reservas, após ser substituído. Entre os termos utilizados estavam ofensas como “filho da p***”, “macaco de m***” e “negro de m***”.

As manifestações racistas foram filmadas por outros espectadores e rapidamente ganharam repercussão nas redes sociais, provocando reações dentro e fora do mundo do futebol.

A sentença foi resultado de um acordo judicial firmado entre o Ministério Público, a defesa dos acusados e o representante legal do atleta. O pacto estabeleceu, além da pena de detenção, a aplicação de multas financeiras que variam entre 1.080 euros (cerca de R$ 6.800) e 1.620 euros (aproximadamente R$ 10.200).

Os réus também foram inabilitados para exercer funções educativas, esportivas ou atividades de lazer por um período de quatro anos.

Adicionalmente, quatro dos envolvidos aceitaram, além da pena de um ano de reclusão, a perda temporária do direito ao sufrágio passivo e multa de nove meses no valor de 6 euros por dia. O quinto torcedor, por sua vez, foi sentenciado a pagar a mesma penalidade, mas no montante de 4 euros por dia.

Surpreendentemente, Vinicius Júnior optou por não reivindicar qualquer tipo de compensação financeira no processo. A decisão reforça sua postura em defesa do combate ao racismo no esporte, algo que tem marcado sua trajetória recente no futebol europeu.

Em nota anterior, o Valladolid já havia anunciado a suspensão de dez sócios do clube por conta de ataques contra o jogador, embora tenha declarado que não os considerava motivados por preconceito racial.

Essa condenação não foi um fato isolado no país. Em junho de 2024, três torcedores do Valencia também foram sentenciados a oito meses de prisão por ofensas semelhantes ao atleta durante partida realizada no estádio Mestalla, em maio de 2023.

Assim sendo, a nova decisão da Justiça espanhola se insere em um contexto mais amplo de enfrentamento à intolerância racial nos estádios, e será comunicada à Comissão Estatal contra a Violência, o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância no Esporte, responsável por processos administrativos que haviam sido abertos, mas estavam suspensos.

Em resumo, o caso evidencia os avanços pontuais no tratamento jurídico de casos de discriminação racial em competições esportivas na Europa, ainda que os desafios permaneçam presentes e constantes. Afinal, conforme mostram os registros de reiteradas ocorrências semelhantes contra o mesmo jogador, o combate ao racismo no futebol segue sendo uma questão urgente.