
A presidência da Confederação Brasileira de Futebol enfrenta, atualmente, uma das maiores crises institucionais de sua história recente. O Conselho de Ética da entidade instaurou três processos contra Ednaldo Rodrigues, que permanece no centro das apurações por práticas consideradas gravíssimas no ambiente administrativo da CBF.
Notícias mais lidas:
As denúncias, protocoladas por parlamentares e acompanhadas de documentação robusta, incluem alegações de assédio moral, assédio sexual, gestão temerária e até suspeita de falsificação documental.
A primeira investigação foi iniciada após denúncia apresentada pelo vereador Marcos Dias Pereira (Podemos-RJ), responsável pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Segundo o relato, diversos colaboradores da CBF teriam sido vítimas de perseguições, exposições públicas constrangedoras e comportamento abusivo por parte da presidência.
Conforme o documento protocolado entre os dias 7 e 10 de maio, haveria inclusive o uso de câmeras ocultas para monitoramento interno sem o devido consentimento, o que viola princípios básicos de privacidade e respeito no ambiente de trabalho.
Ainda conforme o vereador, o presidente teria descumprido um Termo de Ajustamento de Conduta firmado em 2021 com o Ministério Público do Trabalho, o qual visava prevenir condutas abusivas. Em sua denúncia, Marcos Dias classificou a gestão de Ednaldo como “temerária”, solicitando seu afastamento imediato e também de outros dirigentes.
Em paralelo, a deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ) apresentou uma representação ao Supremo Tribunal Federal. Nela, a parlamentar questiona a validade do acordo homologado em fevereiro pela Corte, que havia encerrado os questionamentos sobre a eleição de Ednaldo à presidência da CBF.
Para reforçar sua solicitação, anexou documentos que sugerem possível falsificação da assinatura do ex-vice-presidente da entidade, Coronel Nunes, acompanhados de laudo médico que atesta suposta incapacidade cognitiva do dirigente no período em que as assinaturas foram registradas.
A terceira linha de investigação, segundo fonte ouvida pelo UOL Esporte, gira em torno de um suposto favorecimento a Ricardo Lima, concunhado de Ednaldo Rodrigues e atual presidente da Federação Bahiana de Futebol. Conforme os relatos, aumentos salariais e benefícios concedidos ao dirigente estadual estariam sendo examinados como parte de uma condução administrativa imprudente e motivada por relações pessoais.
Aliás, essas denúncias emergem em meio a uma crescente instabilidade política na CBF. Recentemente, o presidente promoveu cerca de 40 mudanças no estatuto da entidade, concentrando ainda mais poderes em sua própria função, o que gerou insatisfação até mesmo entre antigos aliados, como os vice-presidentes.
A Comissão de Ética da CBF, conforme informado, já iniciou a escuta de testemunhas e análise dos documentos fornecidos. Embora os processos estejam em andamento, ainda não há previsão para a conclusão das apurações, tampouco definição sobre possíveis consequências institucionais para Ednaldo.