
A rápida derrocada de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF revela um cenário marcado por perda de confiança, promessas não cumpridas e crescente isolamento político. Reeleito por aclamação em março, com apoio unânime das 27 federações e dos 40 clubes das Séries A e B, o dirigente enfrentou uma reviravolta dramática. Em apenas 52 dias, viu seu nome ser afastado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, sob uma onda de rejeição que vinha se formando nos bastidores.
Notícias mais lidas:
A perda de apoio se acentuou quando dirigentes começaram a se sentir traídos por Ednaldo. Um dos casos mais simbólicos foi o do interventor Fernando Sarney, que havia sido retirado por Ednaldo de cargos importantes na Fifa e na Conmebol. A insatisfação cresceu ao ponto de, dias antes do afastamento, um cartola afirmar: “Ele é a Odete Roitman do futebol. Na hora em que cair, ninguém vai saber quem derrubou”.
Apesar da reeleição, muitos dirigentes já demonstravam desconforto. No entanto, a ausência de um nome competitivo inviabilizou alternativas imediatas. Com a decisão judicial, o movimento pela sua substituição ganhou força. Em apenas cinco horas, 19 presidentes de federações assinaram um manifesto pedindo renovação, sem sequer mencionar o nome de Ednaldo.
Internamente, a condução centralizadora de Ednaldo também foi alvo de críticas. Nenhum pagamento saía das contas da CBF sem sua autorização pessoal, e mudanças no estatuto da entidade – que ampliavam seus poderes e diminuíam a fiscalização – acirraram os ânimos entre os dirigentes.
Além disso, denúncias de má gestão e assédio agravaram a crise. Reportagens e investigações em diferentes esferas do poder contribuíram para o desgaste de sua imagem, inclusive em Brasília, onde perdeu respaldo entre figuras influentes dos Três Poderes.
Atualmente, Ednaldo assiste de longe ao processo de reconstrução política na CBF. Sem apoio significativo, vê aliados e opositores se movimentarem para definir o novo presidente da entidade. A eleição está marcada para o próximo dia 25, selando mais um capítulo conturbado na administração do futebol brasileiro.