Durante o II Simpósio de Direito Esportivo, realizado na sexta-feira (16), nas Laranjeiras, Bap, presidente do Flamengo, defendeu propostas para estabelecer um modelo mais rigoroso de fair play financeiro no futebol brasileiro. O dirigente ressaltou a necessidade de mudar a cultura permissiva que, segundo ele, compromete a integridade e a atratividade do esporte no país.
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Uma das principais sugestões de Bap é a imposição de um limite de gastos dos clubes com o futebol. Para ele, estabelecer um teto de até 75% das receitas destinadas ao departamento de futebol já representaria um avanço considerável. Segundo o mandatário rubro-negro, cada clube possui características e obrigações distintas, o que exige regras adaptáveis, mas firmes. “Outros clubes não têm os mesmos compromissos que o Flamengo, que mantém várias modalidades esportivas. Por isso, um limite de gasto seria um bom ponto de partida”, argumentou.
Outro ponto abordado foi a necessidade de punições esportivas mais severas. Bap apoiou a proposta do presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, que sugere impedir que clubes inadimplentes disputem competições. Além disso, defendeu a perda de pontos como forma eficaz de responsabilizar quem desrespeita obrigações financeiras. “Se não houver sanção, não haverá solução. O sistema precisa punir para corrigir”, afirmou.
O dirigente também propôs que os dirigentes inadimplentes se tornem inelegíveis em seus próprios clubes. Ele compartilhou um episódio emblemático: “Logo após vencer a eleição no Flamengo, alguém me disse que, se eu deixasse de pagar impostos, poderia contratar dois jogadores do porte de Alcaraz por ano. Isso revela um problema cultural”, relatou.
Para garantir a viabilidade dessas mudanças, Bap destacou a importância de estabelecer um período de adaptação gradual. Conforme ele, um modelo de transição em fases, com sanções crescentes ao longo dos anos, daria aos clubes tempo suficiente para se ajustarem às novas exigências regulatórias.
Por fim, Bap ressaltou que a ausência de regras claras prejudica o ambiente de negócios no futebol brasileiro. Empresas deixam de investir, temendo escândalos e má gestão. “O Flamengo faz sua parte, mas compete com quem não paga. Isso contamina o ecossistema e afasta investidores”, concluiu.