Dívida bilionária assombra o Atlético-MG

Camisa do Atlético-MG (Foto: Reprodução/Instagram)

O Atlético-MG encerrou o ano de 2024 com um cenário financeiro extremamente preocupante. O clube registrou um crescimento de 19% no seu passivo, totalizando R$ 1,369 bilhão. Contudo, novas metodologias de cálculo aplicadas pela administração da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) revelaram um valor ainda mais alarmante: a dívida total atualizada alcança R$ 1,814 bilhão.

Boa parte dessa quantia refere-se a débitos de curto prazo, que somam R$ 1,152 bilhão e vencem até o fim de 2025. Conforme informado pelo clube, foram consideradas todas as obrigações financeiras, descontando apenas ativos com efeito caixa, o que difere da metodologia utilizada por algumas reportagens, que excluem valores a receber.

Receitas recordes e desempenho da Arena MRV

Apesar do agravamento do quadro fiscal, o Atlético-MG registrou sua maior arrecadação histórica em 2024, somando R$ 674 milhões, valor 46% superior ao do ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelas receitas geradas pela Arena MRV, que passou a operar em sua capacidade plena.

O estádio sediou 33 partidas e gerou R$ 88 milhões em rendimentos provenientes de bilheteria, estacionamento e venda de alimentos. Em média, cada jogo disputado na nova casa do clube gerou R$ 2,8 milhões. Comparativamente, partidas no Mineirão renderam R$ 1,8 milhão, enquanto no Independência, o valor médio foi de R$ 492 mil.

Sócio-torcedor e vendas de jogadores

Outro fator importante foi o aumento significativo na base de sócios-torcedores, que cresceu 61%, passando de 70 mil para 113 mil associados. Esse número colocou o Galo na segunda posição entre os maiores programas de fidelidade do país. A receita gerada por esse setor, somada aos rendimentos de matchday, atingiu R$ 113 milhões.

Entretanto, uma parcela significativa do faturamento veio de receitas não recorrentes. A venda de jogadores rendeu R$ 183 milhões — o maior valor da história do clube — representando 27% do total arrecadado. A transação mais expressiva foi a de Paulinho ao Palmeiras, finalizada em 31 de dezembro, por R$ 115 milhões.

Gastos elevados e medidas de alívio financeiro

Se por um lado o Atlético obteve receitas expressivas, por outro, os gastos também foram robustos. O clube investiu R$ 218 milhões em contratações, o que resultou em um prejuízo líquido de R$ 35 milhões no mercado de transferências. A folha salarial também pesou: foram R$ 323 milhões ao longo da temporada.

A fim de minimizar o impacto dos juros e alongar prazos, o clube emitiu debêntures com vencimento em 2027, captando R$ 60 milhões — abaixo da meta de R$ 100 milhões.

Atrasos e pendências com outros clubes

O desequilíbrio nas contas resultou em atrasos no pagamento de salários e direitos de imagem de atletas, fato inédito desde a transição para SAF. Esses débitos foram regularizados posteriormente, mas expuseram a fragilidade de caixa. Além disso, há pendências com outros clubes pela aquisição de atletas como Fausto Vera, Deyverson, Júnior Santos, Cuello e Natanael.

Corinthians e Cuiabá acionaram a CNRD, e este último ainda levou o caso ao Banco Central contra a Galo Holding e o empresário Rubens Menin.