Promotores tomam atitude importante sobre julgamento de Maradona

Maradona (Foto: Site oficial de Maradona)

O julgamento que apura as responsabilidades pela morte de Diego Maradona foi temporariamente interrompido após uma solicitação do Ministério Público argentino. O promotor Patricio Ferrari formalizou um pedido de suspensão de dez dias, apresentado nesta terça-feira (20), sob alegação de possível conduta inadequada da juíza Julieta Makintach.

O objetivo da interrupção é investigar denúncias que apontam envolvimento da magistrada em um documentário supostamente autorizado sem os trâmites legais.

Ferrari afirmou que “a situação compromete o prestígio do Judiciário” e defendeu que é “aconselhável e extremamente prudente saber o que deve acontecer com o resultado do debate e com as ações do juiz acusado e impugnado” .

A solicitação foi apresentada ao tribunal localizado na região metropolitana de Buenos Aires, responsável por conduzir o processo desde março. As suspeitas que motivaram o pedido de suspensão dizem respeito à entrada irregular de cinegrafistas em sessões do julgamento. Segundo apurações iniciais, a permissão teria partido da própria Makintach, o que levantou suspeitas de vínculo com uma produtora audiovisual. Há alegações de que essa empresa teria ligações com Juan Makintach, irmão da juíza, e que estaria produzindo um conteúdo sobre o processo judicial.

Julio Rivas, defensor do médico Leopoldo Luque, um dos acusados, afirmou que recebeu contato de membros da BBC solicitando entrevista, e que foi informado sobre a participação da produtora associada à família da magistrada. Em paralelo ao julgamento, o advogado Fernando Burlando, que representa duas filhas de Maradona, ingressou com uma ação criminal para apurar a existência e legalidade do suposto documentário.

O caso

O caso julga sete profissionais da saúde pelo crime de homicídio simples com dolo eventual, cuja pena pode chegar a 25 anos de prisão. A acusação sustenta que houve negligência durante o tratamento do ex-jogador, que se recuperava de uma cirurgia cerebral em uma residência alugada quando faleceu em 25 de novembro de 2020.

O pedido de suspensão não partiu apenas do Ministério Público. Além dos promotores, os advogados das filhas do ex-camisa 10 da Argentina e cinco das sete defesas envolvidas no processo também manifestaram apoio à paralisação temporária. Burlando defendeu a medida afirmando que ela garantiria “serenidade, rigor e a continuidade do processo”.

Enquanto a decisão do tribunal não é anunciada, cresce a expectativa sobre os próximos passos e a eventual substituição da juíza Makintach. Dias antes do pedido oficial, a defesa de Luque já havia solicitado o afastamento da magistrada alegando parcialidade, mas a moção inicial foi rejeitada pelos três integrantes da corte.

Contudo, a nova denúncia, somada à possibilidade de influência externa na condução das sessões, trouxe à tona preocupações institucionais mais amplas. “O que aconteceu nos últimos dias implica gravidade institucional”, reiterou Ferrari durante a audiência.