A declaração de PVC sobre e condenação do torcedor do Flamengo

Paulo Vinicius Coelho em programa do Sportv - Foto: reprodução

Para o jornalista Paulo Vinicius Coelho, a pena de 14 anos de reclusão imposta a Jonathan Messias Santos da Silva representa não apenas uma resposta da Justiça à morte trágica de Gabriella Anelli, mas também um marco simbólico diante da sensação generalizada de impunidade nas violências relacionadas ao futebol.

Conforme destacou, o sentimento de ausência de responsabilização costuma ser maior do que a própria inexistência de punições. “Daí ser fundamental a condenação e prisão de Jonathan Messias”, escreveu PVC, reforçando a importância da decisão judicial como sinal de que crimes dessa natureza não podem mais passar impunes.

Segundo ele, o episódio ocorrido em julho de 2023, nos arredores do Allianz Parque, tem peso simbólico semelhante à condenação de Adalberto Benedito dos Santos, torcedor do Palmeiras que assassinou Márcio Gasparin da Silva, são-paulino, em 1995. Na época, o caso ficou conhecido como o “massacre do Pacaembu”.

Ainda que Adalberto tenha cumprido parte da pena em regime fechado e depois migrado para o semiaberto, PVC relembra que sua prisão foi deliberadamente ignorada em debates posteriores sobre violência no futebol.

O contexto da tragédia e os desdobramentos judiciais

Jonathan Messias foi julgado culpado pela morte de Gabriella, que foi atingida no pescoço por estilhaços de uma garrafa arremessada durante confronto entre torcedores. A jovem de 23 anos foi socorrida e levada à Santa Casa, no centro da capital paulista, mas faleceu dois dias depois, em decorrência de duas paradas cardíacas.

A juíza Isadora Botti Beraldo Moro foi responsável por proferir a sentença com base na decisão da maioria dos sete jurados.

O réu, que já estava preso preventivamente desde agosto de 2023, afirmou em seu depoimento que lançou a garrafa após ser atingido no peito por outro objeto, mas alegou não saber se o item que arremessou foi, de fato, o causador da morte de Gabriella.

Ainda assim, foi reconhecido como autor do crime pelas investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que apontaram que o artefato jogado por ele foi o responsável pelos estilhaços que feriram fatalmente a vítima.

O sofrimento da família e a busca por Justiça

Os pais de Gabriella Anelli, Dilcilene Prado e Ettore Marchiano Neto, descreveram o sofrimento após a perda da filha. Atualmente em tratamento psiquiátrico por depressão, ambos relataram episódios de crises de pânico e tentativas de autoextermínio. Segundo a mãe, “não existe cura pra uma dor dessa”. Já o pai ressaltou: “A vida da família dele também está revirada, mas ele está vivo. A minha filha não”.

Eles viajaram de Curitiba a São Paulo para acompanhar o julgamento, buscando uma resposta institucional que, conforme PVC, serve como exemplo para todos os envolvidos em atos semelhantes. O colunista ainda lembrou que esse tipo de violência não é exclusividade de um clube ou de uma torcida: “É fundamental saber que quem cometer crime será punido. Em todas as áreas. De todas as torcidas”.

Um passo contra a barbárie

Aliás, PVC fez questão de contextualizar a decisão judicial dentro de um cenário mais amplo. Ele destacou como, em tempos de crescente agressividade nas redes sociais e nos arredores dos estádios, decisões judiciais como esta se tornam ainda mais relevantes. Afinal, são passos concretos no combate à barbárie que, infelizmente, ainda permeia o futebol brasileiro.

Além de Jonathan Messias, PVC mencionou também o caso dos onze integrantes da Mancha Verde detidos após um ataque ao ônibus da Máfia Azul, ocorrido em outubro do ano anterior. Esse contexto foi utilizado para reforçar sua tese de que a punição efetiva é crucial para desestimular ações violentas, seja qual for a cor da camisa.