O mercado esportivo brasileiro enfrenta um impacto alarmante causado pela pirataria e pelo consumo excessivo de camisas de futebol. Conforme levantamento da Associação pela Indústria e Comércio Esportivo (Ápice), o país perde cerca de R$ 20 bilhões por ano com produtos falsificados. Esse número engloba não apenas a evasão fiscal, que chega a R$ 5 bilhões, mas também a ausência de 40 mil empregos formais que deixam de ser gerados anualmente. Só no segmento de camisas, o Brasil registrou a circulação de 57 milhões de unidades em 2023, sendo 17 milhões piratas.
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Esse cenário é agravado pelo aumento do comércio digital, onde a pulverização de canais ilegais dificulta a fiscalização. “Estimamos que em pouco tempo o meio digital será o principal canal de escoamento dessas camisas piratas”, alertou Renato Jardim, diretor executivo da Ápice. A prática prejudica diretamente clubes como Flamengo, Athletico-PR e Internacional, que, com ajuda de empresas especializadas, precisaram remover cerca de 300 mil anúncios ilegais entre 2024 e 2025.
A pirataria não impacta apenas o lado financeiro. O dano ambiental também é expressivo. As camisas falsificadas, em sua maioria produzidas com materiais de baixa qualidade e sem controle ambiental, geram resíduos tóxicos e agravam a poluição. Segundo o advogado Flávio Meirelles, “a ausência de controle de qualidade é a norma nesse mercado clandestino”. Isso amplia os riscos tanto para o meio ambiente quanto para a saúde dos consumidores.
Apesar disso, o mercado de camisas licenciadas também não está isento de críticas. Clubes brasileiros de maior expressão produzem até 240 mil camisas por temporada. Muitas dessas peças são descartadas após poucos meses, contribuindo para um modelo de consumo descartável que afeta o planeta como um todo.
No Reino Unido, por exemplo, 100 mil toneladas de roupas esportivas são jogadas fora anualmente, número que equivale a cerca de 500 milhões de camisas por ano. Embora distante, esse dado serve como alerta para o Brasil, onde a cultura do descarte também avança e carece de iniciativas mais sustentáveis por parte de clubes e fabricantes.
Enquanto marcas como Nike, Adidas e Puma começam a implementar metas ambientais globais, os clubes brasileiros ainda enfrentam um desafio duplo: conter os prejuízos da pirataria e ao mesmo tempo buscar alternativas mais responsáveis no ciclo de produção, consumo e descarte de seus uniformes.