Um grupo de 21 clubes das Séries A e B decidiu se ausentar da eleição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), marcada para domingo (25), às 10h30, em protesto contra o formato adotado para o pleito.
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A manifestação conjunta representa um movimento sem precedentes, refletindo descontentamento com a condução do processo e reivindicando reformas estruturais dentro da entidade máxima do futebol nacional.
As agremiações que assinaram o manifesto são: América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo-SP, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Mirassol, Novorizontino, Santos, São Paulo, Sport e Operário-PR. Este último, aliás, aderiu à iniciativa após a publicação inicial do comunicado.
Processo eleitoral e candidatura única de Samir Xaud
O pleito contará com candidatura única: Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol, foi o único postulante homologado, após reunir o apoio de 25 das 27 federações estaduais e de 10 clubes. Esse respaldo garantiu a viabilidade de sua inscrição, superando os critérios estatutários mínimos – oito federações e cinco clubes.
A articulação pró-Xaud inviabilizou a candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista de Futebol, que contava com o apoio de 29 clubes, mas apenas duas federações. Dessa forma, a eleição se configura como uma formalidade, o que gerou incômodo entre os dirigentes dissidentes.
Reivindicações dos clubes dissidentes
Os clubes ausentes justificaram sua decisão por meio de uma nota pública, na qual clamam por “democracia, transparência e representatividade”. O documento, assinado coletivamente, afirma que o grupo não reconhece legitimidade no processo atual e sugere uma reavaliação do modelo eleitoral da confederação.
“Estaremos prontos para conversar com a nova gestão, a partir da próxima semana, para que juntos possamos debater como mudar o processo eleitoral e outras demandas dos clubes em prol de um futebol cada vez melhor”, diz o trecho do comunicado. A mensagem é encerrada com a frase simbólica: “Sem clube não tem futebol”.
Divisão entre os clubes e posicionamentos conflitantes
Enquanto parte considerável do futebol brasileiro se uniu em protesto, outras equipes demonstraram apoio ao candidato único. Palmeiras, Vasco, Botafogo, Grêmio, Paysandu, Amazonas, Remo, CRB, Volta Redonda e Criciúma estão entre os que apoiam oficialmente a candidatura de Xaud.
Houve, entretanto, divergências internas até entre os clubes anteriormente alinhados com a candidatura de Reinaldo. Atlético-MG, Bahia, Bragantino, Ceará, Vitória, Avaí, Ferroviária e Vila Nova não assinaram o manifesto, mantendo posições neutras ou discretas sobre o assunto. O Athletic, por sua vez, declarou neutralidade formal.
Estrutura do processo e legalidade do pleito
O estatuto da CBF determina a necessidade de quórum mínimo de 34 votantes (entre clubes e federações) para a instalação da assembleia eleitoral. Ainda assim, o regulamento prevê a possibilidade de uma nova convocação no mesmo dia, mesmo sem esse número mínimo, garantindo legalmente a continuidade da eleição.
Assim sendo, com o apoio majoritário das federações, a eleição de Xaud está assegurada para o ciclo 2025-2029, mesmo com a ausência dos principais clubes da elite do futebol nacional.
Contexto e próximos passos
A ausência dos 21 clubes na votação é, portanto, uma tentativa de enfraquecer a legitimidade simbólica da eleição. O gesto é interpretado como forma de pressionar por maior protagonismo das agremiações nas decisões da entidade e retomar o debate sobre a criação de uma liga independente.
Embora o ato represente uma ruptura momentânea, os clubes afirmaram disposição para o diálogo com a futura gestão, sinalizando abertura para negociações que contemplem mudanças estruturais no futebol brasileiro. A partir da próxima semana, espera-se que novas reuniões e articulações sejam iniciadas, em busca de uma governança mais participativa e representativa.