CBF tem novo presidente eleito

Samir Xaud presidente CBF (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

Confirmado como novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol no domingo (25), Samir Xaud iniciou seu mandato com desafios internos e promessas de mudança. O dirigente de Roraima foi eleito em votação realizada na sede da entidade, no Rio de Janeiro, e estará à frente da CBF até 2029. Embora tenha contado com apoio expressivo das federações estaduais, enfrentará resistência considerável entre os clubes das Séries A e B.

A eleição ocorreu em meio a forte boicote de parte dos clubes, que protestaram contra o modelo eleitoral que favorece as federações. Dos 21 clubes que anunciaram a decisão de não participar do pleito, 18 efetivamente se ausentaram, recusando inclusive a possibilidade de voto à distância. A principal queixa é o peso desproporcional dos votos das federações — que valem mais que os dos clubes — no processo de escolha da presidência da entidade.

O resultado da eleição confirmou o amplo apoio que Xaud angariou entre as federações: 25 das 27 votaram nele. Além disso, recebeu o respaldo de dez clubes, entre eles Palmeiras, Botafogo, Grêmio e Vasco. A presença desses times na base de apoio do novo mandatário causou desconforto entre os integrantes da Libra e da LFU (Liga Forte Futebol), que buscavam uma candidatura alternativa com o presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos. Essa tentativa, contudo, fracassou por falta de adesão suficiente das federações.

Os clubes dissidentes, apesar do boicote, apresentaram uma lista de reivindicações. Entre os pontos estão a reformulação do sistema eleitoral da CBF, o fortalecimento do papel dos clubes em assembleias, a criação de uma liga independente gerida por eles e a definição de novas regras de fair play financeiro. A expectativa é que esses temas sejam retomados no início da gestão e se tornem parte central do diálogo com a nova presidência.

No discurso após a eleição, Xaud prometeu modernização. “Nossa gestão será marcada pela renovação das ideias e pela agregação de todos aqueles dispostos a contribuir efetivamente para o desenvolvimento pleno do nosso esporte”, declarou. Como primeira medida, anunciou a redução dos Estaduais para 11 datas a partir de 2026, contra as 16 atualmente previstas no calendário.

Apesar das promessas de diálogo e transparência, Xaud carrega um histórico polêmico em sua vida pública. Atuando como secretário estadual de saúde em Roraima, esteve envolvido em investigações sobre supostas irregularidades na gestão de recursos públicos e em contratação de sua clínica pela CBF em 2021. Além disso, responde a um processo do Ministério Público estadual por suspeita de simulação de serviços médicos, com prejuízo de R$ 1,4 milhão aos cofres públicos. “Nunca fui condenado, envolvido em esquemas. Estou bem tranquilo”, afirmou recentemente ao jornal Folha BV.

A chegada de Xaud à presidência da CBF representa, portanto, não apenas uma mudança de comando, mas o início de uma gestão sob constante vigilância e cobrada por transformações estruturais. Afinal, o cenário atual reflete uma entidade com arrecadação bilionária, mas politicamente fragmentada.