Durante a Assembleia Eleitoral da Confederação Brasileira de Futebol, realizada no domingo (25), Leila Pereira voltou a atrair os holofotes ao sair em defesa de Samir Xaud, que foi confirmado como novo presidente da CBF. A mandatária do Palmeiras afirmou ter percebido manifestações preconceituosas contra o dirigente oriundo da Federação Roraimense de Futebol.
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“Quando vocês falam que é um candidato de uma federação não muito conhecida, isso é preconceito”, declarou.
Segundo ela, há um julgamento antecipado em relação à origem de Xaud, que construiu sua trajetória em um estado com baixa tradição no cenário nacional. Leila comparou a situação ao que vivenciou ao assumir o comando do clube paulista, afirmando que muitos duvidaram de sua capacidade apenas por ser mulher e vinda do setor empresarial.
“Disseram que seria uma desgraça, que eu não sabia nem o que era uma bola”, relembrou. Com números e conquistas, ela rebateu as críticas, ressaltando que o Palmeiras teve, sob sua gestão, a era mais vitoriosa da história e obteve receitas superiores a R$ 1 bilhão.
A comparação com Thatcher e a recusa ao manifesto
Ainda durante sua fala, Leila fez uma analogia para se posicionar como figura de liderança firme. “Estou mais para Margaret Thatcher do que para rainha da Inglaterra”, afirmou, em alusão ao estilo pragmático e autoritário da ex-primeira-ministra britânica. A fala teve como objetivo reforçar sua autonomia e sua resistência a julgamentos infundados.
Outro ponto de destaque foi sua decisão de não assinar o manifesto articulado por 38 dos 40 clubes com direito a voto — entre eles, Palmeiras e Remo foram as únicas exceções. O documento pedia mudanças na governança da CBF, como a implementação de Fair Play financeiro e a criação de uma liga nacional. A dirigente explicou que preferiu esperar uma postura mais clara do novo presidente antes de apresentar cobranças.
“Achei o manifesto muito rígido. O presidente nem havia sido eleito. Não era o momento de fazer exigências”, justificou .
A crítica de PVC: a linha tênue entre conceito e preconceito
Na coluna publicada por Paulo Vinicius Coelho (PVC), o jornalista analisou criticamente as declarações de Leila. Ele apontou que a dirigente generalizou ao acusar a imprensa de preconceito, sem especificar quem teria feito tais afirmações.
“Quem são ‘vocês’?”, questiona o colunista, destacando que muitas das observações sobre Xaud tratam-se de constatações, e não de discriminação. “Dizer que a Federação Roraimense tem apenas dez clubes e nunca teve um representante nas Séries A ou B é um fato. Isso é conceito, não preconceito”, escreveu.
PVC também relembrou um episódio em que Paulo Nobre, ex-presidente do Palmeiras, teria questionado a legitimidade da candidatura de Leila ao Conselho Deliberativo do clube, baseando-se no tempo insuficiente de associação. “Aquilo foi uma crítica com base em um critério, e não um ataque preconceituoso”, argumentou.
Contudo, o colunista reconheceu os méritos da gestão de Leila no Palmeiras e afirmou que, apesar de suas declarações genéricas, ela é uma dirigente eficiente. A crítica recai sobre o uso retórico da ideia de preconceito em um contexto que exigiria mais precisão.
“Toda generalização cria pré-conceitos com quem não merece”, concluiu.
Implicações políticas e o futuro da CBF
O apoio imediato de Leila a Samir Xaud também foi analisado sob um viés político. O colunista lembrou que a presidente do Palmeiras havia retornado recentemente de uma viagem ao lado de Ednaldo Rodrigues, ex-presidente cassado da CBF, e que, poucos dias depois, apoiava Xaud.
Esse movimento foi considerado, por parte da imprensa, contraditório e precipitado, dado o curto intervalo entre a ruptura e o novo alinhamento.
Por fim, o texto de PVC sugere que é necessário distinguir entre julgamento antecipado e análise factual. Para o jornalista, a discussão precisa ser pautada por critérios claros, e não por impressões emocionais ou discursos que busquem vitimização sem fundamentos objetivos.