O Conselho Deliberativo do Corinthians realiza nesta segunda-feira (26), a partir das 18h, uma votação decisiva que pode resultar no afastamento imediato de Augusto Melo da presidência do clube. O pedido de impeachment em análise está vinculado a suspeitas de irregularidades no contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet, além de possíveis violações à Lei Geral do Esporte e ao estatuto corinthiano.
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A origem da crise remonta ao contrato firmado em janeiro de 2024, considerado à época o maior da história do clube, avaliado em R$ 370 milhões para três temporadas. Contudo, a parceria foi rompida em junho do mesmo ano, após denúncias de que parte da comissão do acordo teria sido desviada por meio de uma empresa associada a uma suposta laranja.
Um relatório da Polícia Civil, divulgado em 15 de maio, revelou que R$ 1 milhão dos R$ 1,4 milhão pagos em comissão teria sido transferido à empresa UJ Football, investigada por ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC) .
Diante dessas revelações, Melo foi indiciado por furto qualificado mediante abuso de confiança, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os ex-dirigentes Marcelo Mariano e Sérgio Moura, bem como o empresário Alex Cassundé, também foram formalmente acusados no inquérito.
Rito da votação e divergências internas
A reunião ocorre na sede social do clube, no Parque São Jorge. A previsão é de que a sessão se estenda por até três horas. O presidente da Comissão de Ética, Roberson Medeiros, terá 30 minutos para apresentar o relatório.
Na sequência, a defesa de Melo será apresentada por seu advogado, Ricardo Cury. Eventualmente, representantes da Comissão Jurídica e do grupo autor do pedido de destituição também poderão se pronunciar.
A votação será realizada de forma sigilosa, por meio de cédulas em papel. Um ponto de atrito diz respeito ao colégio eleitoral: enquanto Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo, defende a participação de todos os 300 conselheiros — entre vitalícios e trienais —, outros grupos acreditam que apenas os 240 que participaram da reunião de janeiro, suspensa por motivos de segurança, deveriam ter direito a voto.
Consequências e próximos passos
Caso a maioria dos votantes opte pela destituição, Melo será afastado imediatamente e substituído interinamente pelo vice-presidente Osmar Stábile. A decisão, no entanto, ainda dependerá de ratificação por parte dos sócios em assembleia-geral, que deverá ser convocada por Tuma Jr. em até cinco dias.
Se a assembleia rejeitar o impeachment, o presidente reassume suas funções. Se a destituição for confirmada, uma nova eleição será realizada dentro do Conselho para escolha de um substituto até o fim do mandato, previsto para dezembro de 2026 .
Os argumentos do grupo que protocolou o pedido giram em torno de ações e omissões que teriam exposto o clube a um “lamaçal de notícias degradantes”, além de apontarem infrações diretas às normas internas e à legislação esportiva.
O estatuto prevê cinco motivos para destituição de um mandatário: condenação por crime infamante, prejuízo à imagem ou ao patrimônio do clube, reprovação das contas, descumprimento estatutário ou gestão irregular.
Posição de Augusto Melo
Apesar das acusações e do cenário delicado, o dirigente mantém sua posição. “Sou inocente e não vou renunciar”, declarou Melo anteriormente, reafirmando sua disposição em enfrentar o processo no Conselho. Similarmente, sua defesa alega que não houve qualquer ilegalidade no trâmite do patrocínio com a VaideBet, rebatendo os indícios apontados pelas investigações policiais.