Jornalista cita primeiro grande desafio do novo presidente da CBF

Samir Xaud presidente CBF (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

No mesmo domingo (25), enquanto a CBF realizava sua eleição presidencial, a arbitragem voltava a ser protagonista de polêmicas no Campeonato Brasileiro. Em Porto Alegre, o Grêmio superou o Bahia por 1 a 0 após a marcação de um pênalti controverso envolvendo Marcos Felipe e Braithwaite.

Este episódio ocorreu poucos dias depois de a diretoria do clube gaúcho visitar a sede da entidade nacional para protestar contra erros acumulados nas rodadas anteriores.

Mais tarde, o confronto entre Flamengo e Palmeiras, no Allianz Parque, teve nova interferência decisiva da arbitragem. Um pênalti marcado em Murilo, após dividida com Arrascaeta, gerou intensos questionamentos. O camisa 14 rubro-negro converteu a cobrança, abrindo o placar na vitória por 2 a 0, que reduziu para um ponto a diferença entre as equipes na parte de cima da tabela.

Rodadas marcadas por erros e indignação

Não apenas Bahia e Palmeiras deixaram o campo indignados no fim de semana. Ainda na segunda rodada do torneio, o Sport foi prejudicado em lance igualmente controverso, também contra o time alviverde. Na ocasião, um pênalti assinalado sobre Raphael Veiga garantiu a vitória paulista nos minutos finais, em um dos episódios mais contestados do campeonato até aqui.

A situação se tornou insustentável. O que se observa é um padrão de alternância: clubes ora se beneficiam, ora são prejudicados. A inconstância das decisões mina a confiança dos torcedores. Conforme apontado por Alliatti, “o prejudicado de hoje é o beneficiado de amanhã, que será o prejudicado de depois de amanhã – para depois voltar a ser beneficiado”.

Arbitragem desorganizada em meio ao caos

Em um cenário já pressionado por suspeitas sobre apostas esportivas, a ausência de critérios claros na atuação dos árbitros agrava a crise. A atuação do VAR, por exemplo, frequentemente contraria seu próprio protocolo: lances interpretativos, que deveriam ser ignorados, são revistos com repetição em câmera lenta, provocando ainda mais confusão.

Aliás, o problema se repete dentro de uma mesma partida. Um lance é revisado, enquanto outro, com características semelhantes, passa ileso. Árbitros, por sua vez, estão acuados. São cercados por atletas, pressionados por treinadores, cobrados por dirigentes e ofendidos pelas arquibancadas.

Punidos pela própria CBF, esses profissionais acabam se tornando figuras centrais em debates e polêmicas, como ressaltado no próprio texto de Alliatti.

Um novo comando, velhos dilemas

A posse de Samir Xaud como novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol traz expectativas. O dirigente, em seu discurso de posse, prometeu rever o calendário do futebol nacional e implementar o fair play financeiro. Contudo, é imperativo que o debate sobre arbitragem receba o mesmo nível de atenção.

O nível técnico dos jogos em 2025 é baixo. Com um calendário sobrecarregado, os clubes entram em campo sem tempo para treinar e frequentemente sem jogadores-chave, lesionados ou desgastados fisicamente. Nesse contexto, decisões equivocadas da arbitragem agravam um panorama já precário.

Padronização e transparência: passos urgentes

A profissionalização completa do setor ainda parece distante. Entretanto, algumas medidas são viáveis de imediato. A padronização dos critérios de decisão, independentemente da atuação do VAR, é um primeiro passo essencial para reduzir a aleatoriedade nos resultados.

Portanto, cabe a Samir Xaud conduzir uma reestruturação que torne o apito mais confiável. Afinal, enquanto a bola continuar sendo julgada de forma instável, o futebol brasileiro seguirá refém da desorganização — e a confiança do torcedor, inevitavelmente, continuará ruindo.