A declaração de Mauro Cezar após afastamento de Augusto Melo do Corinthians

Mauro Cezar - Foto: Reprodução/Jovem Pan

A coluna publicada por Mauro Cezar Pereira nesta terça-feira (27) no UOL Esporte, expôs com precisão cirúrgica o cenário alarmante vivido pelo Corinthians. Conforme pontuado pelo jornalista, a saída de Augusto Melo da presidência, por decisão do Conselho Deliberativo, apenas evidencia a necessidade de uma guinada urgente na condução administrativa do clube.

Com endividamento próximo de R$ 2,5 bilhões, o alvinegro do Parque São Jorge atravessa, segundo ele, um momento de caos que exige mais que mudanças simbólicas: é necessário, acima de tudo, responsabilidade financeira e coragem para encarar a realidade.

Mauro destaca que o rombo avançou consideravelmente desde que Augusto assumiu, no início de 2024. Apenas em um ano, o passivo cresceu cerca de R$ 830 milhões, o que representa uma média diária de R$ 2,3 milhões.

Aliás, o jornalista lembra que não há mais margem para sustentar elencos caros ou realizar contratações sem honrar compromissos com credores, como foi o caso de reclamações públicas de dirigentes de clubes como Cuiabá e Argentinos Juniors.

Para ele, o clube precisa “cortar na carne”, rever investimentos em elenco e traçar um planejamento austero, embora essa transição possa demandar anos até que o Corinthians volte a competir entre os mais fortes do país.

Risco no Profut e ausência de caixa

O diagnóstico feito por Mauro Cezar encontra eco nas palavras dos atuais dirigentes interinos. Osmar Stábile, que assumiu a presidência após o impeachment de Melo, declarou publicamente que o clube não possui recursos para quitar obrigações imediatas.

Em entrevista coletiva, o dirigente revelou que o Corinthians pode ser excluído do Profut – o programa de refinanciamento fiscal dos clubes – por não ter como pagar a parcela de R$ 3 milhões prevista para esta semana. “Não me pergunte como, mas vamos buscar”, afirmou o interino, referindo-se à dificuldade em arrecadar fundos em tempo hábil.

Similarmente, Armando Mendonça, vice-presidente interino, corroborou a gravidade da situação, alegando que foram surpreendidos pelo estado real das finanças:

“Fomos informados de que havia dinheiro em caixa, mas a realidade é completamente oposta. Não sabíamos da dívida iminente com o Profut”, lamentou.

Operações suspeitas e rombo milionário

O alerta de Mauro se torna ainda mais relevante diante das informações reveladas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Segundo relatório obtido pela imprensa, o dinheiro utilizado para pagar parte da multa contratual à antiga patrocinadora PixBet teria sido enviado por uma empresa suspeita de ocultar movimentações financeiras.

Trata-se da OTSAFE, de Curitiba, que teria transferido R$ 20 milhões ao Corinthians por meio de quatro transações via Pix em 8 de janeiro de 2024.

Essa quantia serviu para cobrir pendências deixadas pela quebra de contrato com a PixBet, que exigia exclusividade na exposição da marca no uniforme. O rompimento se deu após o clube fechar com a VaideBet, e a origem dos valores usados nesse contexto foi considerada atípica pelo COAF, que identificou movimentações acima da capacidade de faturamento da empresa envolvida.

Reflexões e desafios para o futuro

A partir de sua análise, Mauro Cezar vai além da crítica pontual à gestão de Augusto Melo. O colunista questiona se o próximo presidente terá preparo técnico e disposição para expor com transparência a real condição do clube aos torcedores.

Segundo ele, o caminho para reerguer o Corinthians exige medidas duras, impopulares e, primordialmente, responsabilidade – algo que tem sido negligenciado por sucessivas administrações.

“É preciso mais do que um novo presidente. É necessário um dirigente diferente dos anteriores, com coragem para encarar a realidade e competência para tirar o Corinthians do buraco onde o colocaram”, conclui o colunista.