A instabilidade financeira do Corinthians atingiu um nível alarmante, conforme revelado pelos dirigentes interinos Osmar Stábile e Armando Mendonça. A ausência de recursos imediatos para honrar compromissos foi escancarada durante uma coletiva nesta terça-feira (27), poucas horas após o impeachment do ex-presidente Augusto Melo ser aprovado pelo Conselho Deliberativo.
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Stábile afirmou de forma direta que “não há dinheiro no caixa” e destacou que o clube enfrenta dificuldades para efetuar o pagamento de uma parcela de R$ 3 milhões, que vence ainda nesta semana.
“Questão do Profut é que você não pode ficar com três parcelas atrasadas”, alertou o dirigente, ressaltando que essa condição, caso confirmada, coloca o clube em risco direto de ser excluído do programa federal de refinanciamento.
Consequências de uma eventual exclusão
O Profut, sigla para Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, foi implementado em 2015 como mecanismo para auxiliar clubes na reorganização de suas finanças. Em contrapartida, exige rigoroso cumprimento de obrigações tributárias. Conforme previsto na legislação, o atraso de três parcelas consecutivas pode resultar na exclusão do programa.
Segundo Mendonça, a gravidade da situação foi descoberta apenas na manhã de terça-feira, evidenciando também uma falha na gestão anterior quanto à transparência financeira. “Fomos informados hoje cedo e não sabíamos da real situação. Isso precisa ser colocado para todos”, declarou o vice-presidente interino.
Caso o Corinthians seja retirado do Profut, deixará de contar com os benefícios de parcelamento das dívidas com a União. Assim sendo, os valores passarão a ser cobrados à vista, o que tornaria o cenário ainda mais desastroso, sobretudo em razão de um passivo que aumentou em mais de R$ 800 milhões apenas em 2024.
Herança da gestão anterior e medidas emergenciais
Ambos os dirigentes assumiram a gestão interina após o afastamento de Augusto Melo e enfatizaram que não participaram diretamente da administração anterior. “Ficamos à disposição, mas o presidente não nos chamou”, afirmou Stábile.
Ele também reiterou que não se trata de um problema de solução rápida e rejeitou especulações sobre candidaturas internas, pedindo “trégua política” a todos os grupos envolvidos com o clube.
Como medida inicial, o novo comando trouxe de volta Rozallah Santoro, ex-diretor financeiro que havia deixado o clube após o escândalo envolvendo a casa de apostas “Vai de Bet”. Embora impedido de assumir cargo oficial devido ao estatuto, Santoro deve atuar como consultor a fim de auxiliar na reorganização administrativa e financeira da agremiação.
Preocupações com o futebol
Em meio à crise nos bastidores, o futebol profissional ainda não foi diretamente impactado em termos de comando. O treinador Dorival Júnior não foi contatado pessoalmente, mas segundo Stábile, mensagens foram encaminhadas por meio do gerente Fabinho Soldado.
“Ele estava ocupado com seus afazeres técnicos”, pontuou o interino, indicando que o foco do momento está voltado, primordialmente, à contenção da crise institucional.
Considerações finais
A possível exclusão do Corinthians do Profut coloca o clube em uma encruzilhada administrativa e fiscal. Além das consequências jurídicas e financeiras imediatas, o episódio reforça a urgência de maior controle, transparência e responsabilidade na gestão de instituições esportivas.