Pedro Martins oficializou sua saída do cargo de CEO do Santos nesta terça-feira (27). A decisão, segundo informações confirmadas pelo ‘ge’, foi precedida por um longo período de insatisfação interna e impasses em relação à estrutura do departamento de futebol. Contratado no fim de dezembro de 2024, Martins também acumulava a função de diretor de futebol, substituindo Alexandre Gallo e Paulo Bracks.
Notícias mais lidas:
De acordo com relatos dos bastidores, a direção santista pretendia que o executivo seguisse vinculado à parte administrativa, gerindo setores a partir da Vila Belmiro, enquanto um novo nome assumiria o futebol no CT Rei Pelé. Contudo, o dirigente recusou essa mudança e preferiu desligar-se por completo, abrindo caminho para o clube buscar um substituto no mercado.
Críticas à estrutura e tentativa de modernização
Martins chegou ao clube com a missão de implantar um projeto de modernização, o que encontrou resistências entre conselheiros e membros antigos do clube. “O saudosismo vai matar o Santos”, afirmou em uma coletiva de imprensa, realizada em abril, frase que gerou forte repercussão negativa junto à torcida e aos setores tradicionais da instituição.
Na ocasião, o executivo criticou abertamente a falta de integração entre departamentos e a resistência à adoção de práticas modernas de gestão, além de ter se posicionado contra a centralização de decisões por treinadores, referindo-se a negociações que ocorriam com Jorge Sampaoli. As falas foram mal recebidas internamente, pois expuseram conflitos que a alta cúpula preferia manter fora do debate público.
Conflitos no futebol e decisões polêmicas
Durante a passagem de Martins, o clube contratou e demitiu Pedro Caixinha, cuja rescisão contratual envolveu uma multa de cerca de R$ 15 milhões, valor que o Santos tentou parcelar, sem sucesso. A situação foi levada à Fifa e pode trazer novas consequências, como um eventual bloqueio de transferências.
Outro episódio que agravou sua permanência foi o caso do atacante Gabriel Veron, que acumulou atrasos em treinos. Apesar de parte da diretoria defender sua devolução ao Porto, o CEO defendeu a permanência do atleta, intensificando o atrito entre diferentes correntes do clube.
Esgotamento e saída
O clima se deteriorou nos últimos dias, com a reunião mais recente entre Martins e o presidente Marcelo Teixeira sendo apontada como o ponto final. Conforme fontes próximas ao executivo, a recusa do mandatário em promover mudanças na estrutura do CT, considerada “contaminada por vícios do velho amadorismo”, foi determinante para o pedido de demissão.
Pedro Martins, que havia tido passagens marcantes por Cruzeiro e Botafogo antes de chegar ao Santos, agora encerra um ciclo turbulento no litoral paulista. A diretoria já iniciou a busca por um novo profissional que assuma a liderança do departamento de futebol, enquanto avalia a reformulação da estrutura administrativa do clube.