A noite de segunda-feira (26) marcou um capítulo definitivo na turbulenta gestão de Augusto Melo no Corinthians. O Conselho Deliberativo do clube aprovou por ampla maioria o processo de impeachment do presidente, afastando-o de suas funções de forma imediata.
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A sessão, iniciada às 19h, transcorreu de maneira tranquila e sem tumultos, em contraste com a reunião anterior, realizada em janeiro, que havia sido marcada por protestos de torcedores e clima tenso.
Conduzida por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho, a votação contou com a participação de 236 conselheiros. Destes, 176 votaram a favor do afastamento, 57 foram contrários, houve um voto em branco e uma abstenção.
Acusações de gestão temerária e envolvimento com empresas suspeitas
O impeachment teve como base a acusação de gestão temerária, prevista no artigo 106 do estatuto do clube. Entre os pontos levantados, destacou-se o controverso contrato com a patrocinadora Vai de Bet. A rescisão ocorreu após revelações de que valores pagos pela intermediação do acordo teriam passado por uma rede de empresas de fachada.
A última empresa no fluxo financeiro, a UJ Football Tallent, foi apontada como vinculada ao PCC, conforme denúncia feita por um delator assassinado em Guarulhos.
Na quinta-feira (22), Melo foi indiciado pela Polícia Civil por associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto qualificado. O ex-diretor Marcelo Mariano, o ex-superintendente Sérgio Moura e o empresário Alex Cassundé também foram implicados. A proximidade do indiciamento com a votação gerou críticas da defesa, que alegou perseguição política.
Defesa técnica e confusão estratégica
Durante a sessão do Conselho, o advogado Ricardo Cury representou Augusto Melo. Na tentativa de impedir a votação, foi protocolado um habeas corpus e contratada a assessoria jurídica de José Eduardo Cardozo. Ainda assim, as medidas não surtiram efeito.
Em coletiva após o indiciamento, Cury criticou a divulgação do relatório da Polícia Civil às vésperas da votação: “Nos surpreendeu muito a divulgação do relatório final na quinta-feira, antevéspera do julgamento de segunda”.
Augusto também se manifestou no auditório do clube, em um discurso confuso que inicialmente soou como uma renúncia, o que foi negado momentos depois por sua equipe. O ex-dirigente encerrou com a frase “até breve” e prometeu continuar lutando para reaver o cargo.
Próximos passos e impactos internos
Com a aprovação do impeachment, o próximo passo será a convocação da Assembleia Geral, em que os sócios do Corinthians decidirão se ratificam a destituição. O prazo para a convocação é de cinco dias, ficando a cargo do presidente do Conselho Deliberativo. Até lá, Augusto segue afastado, e os diretores estatutários nomeados por ele também perderam seus cargos.
Vale destacar que, além do caso envolvendo a Vai de Bet, há outros três processos de impeachment em curso, relacionados à reprovação das contas de 2024 e ao aumento do passivo do clube. A primeira representação contra Melo foi protocolada por 85 conselheiros do grupo Movimento Reconstrução SCCP, liderado por Mário Gobbi, ex-presidente alvinegro.