Em sua coluna publicada na quarta-feira (28), Walter Casagrande Jr. foi incisivo ao avaliar o atual momento vivido pelo Corinthians. O ex-jogador e colunista do UOL classificou como “vexatória” a participação da equipe nas competições continentais de 2025.
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Eliminado na fase preliminar da Libertadores, o time ainda acumulou um novo fracasso ao cair na Copa Sul-Americana diante do Huracán, mesmo enfrentando reservas.
“A eliminação foi merecida, porque o Corinthians não jogou nada até agora em nenhum campeonato”, escreveu Casagrande. A crítica também destacou o desempenho pífio do clube fora de casa: foram apenas quatro vitórias como visitante em toda a temporada, incluindo confrontos contra Novorizontino e Racing-URU, o que é considerado insuficiente para uma equipe com pretensões maiores.
Aliás, Casagrande apontou a dependência excessiva do centroavante Yuri Alberto — ausente na partida decisiva — e o baixo rendimento de Memphis Depay, como fatores que fragilizam o ataque. Para o colunista, o retorno de Rodrigo Garro deu sinais positivos, sobretudo nas bolas paradas, mas ainda está distante da forma ideal.
Crise institucional sem precedentes
Contudo, não foram apenas os aspectos táticos que receberam atenção. Casagrande também abordou a grave crise política e administrativa que afeta o clube. “O momento político do clube é o pior da sua história”, escreveu o colunista, referindo-se às gestões recentes, caracterizadas por escândalos financeiros e más decisões no futebol.
A nova diretoria, encabeçada por Osmar Stabile após o afastamento de Augusto Melo, revelou um cenário alarmante: mais de R$ 30 milhões a pagar a curto prazo e um caixa praticamente vazio. “Onde está o dinheiro? Não tem”, disse Stabile, ao expor a realidade financeira ao assumir o clube.
Além das pendências com o Profut e rescisões de comissão técnica, o Corinthians tem atualmente uma folha de pagamento que ultrapassa os R$ 22 milhões mensais. Ainda segundo a nova gestão, apenas R$ 5 milhões haviam restado no caixa, valor considerado insuficiente até mesmo para as obrigações mais urgentes.
A urgência por reconstrução e transparência
Na visão de Casagrande, a situação só pode ser revertida com uma mudança estrutural profunda. “Gestões desastrosas fizeram do Corinthians o time com maior dívida do Brasil”, afirmou. Ele mencionou, ainda, que o clube tem frequentado mais as páginas policiais do que as esportivas, evidenciando a degradação institucional.
O colunista vê na pausa para a realização do Mundial de Clubes uma oportunidade para Dorival Júnior reorganizar o time. “Essa parada do campeonato cairá como uma luva para o Dorival treinar o time”, escreveu, ainda que tenha deixado claro que o problema corinthiano vai além das quatro linhas.
A combinação de desorganização tática, frágil desempenho em campo e uma gestão marcada por falta de transparência torna o cenário do Corinthians um dos mais delicados de sua história recente. Para Casagrande, a crise atual é um reflexo de anos de desmandos e decisões equivocadas, que transformaram o clube em um exemplo de como não conduzir uma instituição do porte do Timão.