Corinthians tem prejuízo milionário com eliminação na Sul-Americana

Escudo do Corinthians na Néo Química Arena (Foto Reprodução/Instagram)

A eliminação precoce do Corinthians na Copa Sul-Americana, confirmada na última terça-feira (27), ao perder para o Huracán por 1 a 0, não representou apenas um revés esportivo. O clube viu suas finanças serem duramente atingidas, com um prejuízo calculado em cerca de R$ 20 milhões.

A queda precoce na competição continental veio após uma campanha frustrante também na Libertadores, onde o time foi eliminado ainda na fase preliminar. Assim, o orçamento projetado para 2025 — que estimava arrecadações com base em uma campanha até as oitavas de final da principal competição sul-americana — ficou seriamente comprometido.

A meta inicial do clube era embolsar cerca de R$ 35 milhões com a Libertadores, incluindo prêmios pela fase de grupos, vitórias e classificação ao mata-mata. Contudo, a eliminação precoce limitou os ganhos a US$ 1,1 milhão (aproximadamente R$ 6,2 milhões).

A Sul-Americana, por sua vez, apareceu como alternativa para equilibrar as contas, mas a saída ainda na fase de grupos frustrou as expectativas. O clube recebeu US$ 900 mil (R$ 5,1 milhões) pela participação e outros US$ 230 mil (R$ 1,3 milhão) por duas vitórias, somando cerca de R$ 6,4 milhões.

Crise política e aumento da pressão administrativa

O rombo financeiro ocorre em um momento de instabilidade institucional no Parque São Jorge. O clube atravessa uma crise política marcada pelo processo de impeachment do presidente afastado Augusto Melo. O planejamento financeiro para 2025 havia sido traçado ainda pela gestão anterior, hoje dissolvida, e se baseava em projeções ambiciosas, tanto esportivas quanto comerciais.

Conforme destacou Pedro Silveira, ex-diretor financeiro do clube, “esses R$ 180 milhões, eu preciso fazer no meio do ano. Eu preciso completar esse orçamento de R$ 180 milhões”.

O executivo havia colocado uma previsão modesta de receitas com transferências — menor que a de 2024, quando o clube arrecadou cerca de R$ 330 milhões — a fim de equilibrar despesas, mas a dependência dessas vendas se intensificou após os insucessos nas competições internacionais.

Caminhos para equalização do orçamento

Atualmente, o Corinthians tem como uma de suas poucas fontes de alívio a premiação do título do Campeonato Paulista, que rendeu R$ 5 milhões — superior à meta orçamentária inicial, que previa chegada apenas até a semifinal. Contudo, essa receita é insuficiente para cobrir as perdas acumuladas nos torneios continentais.

A expectativa, portanto, gira em torno da performance nas próximas competições. No planejamento está previsto ao menos chegar às quartas de final da Copa do Brasil e terminar entre os oito primeiros colocados no Brasileirão. Mesmo assim, para alcançar a compensação total da receita perdida, apenas um título nacional seria suficiente.

Como alternativa imediata, a diretoria trabalha para viabilizar a venda de atletas com mercado na Europa. O volante Breno Bidon e o atacante Yuri Alberto são observados por clubes estrangeiros, e o lateral Denner, revelado pelas categorias de base, já tem acordo encaminhado com o Chelsea.

Situação administrativa crítica

Além das metas esportivas, a atual diretoria interina liderada por Osmar Stabile enfrenta complicações no fluxo de caixa. Segundo ele, “o clube corre risco de ser excluído do Profut”, programa de parcelamento de dívidas tributárias, devido ao atraso no pagamento das parcelas. A ameaça de exclusão desse benefício fiscal agrava ainda mais a situação financeira do clube.

Em resumo, a eliminação na Sul-Americana não apenas comprometeu o desempenho esportivo do Corinthians, mas expôs fragilidades administrativas, financeiras e institucionais. As próximas decisões envolvendo o elenco e a gestão orçamentária serão cruciais para definir os rumos do clube nos próximos meses.