A declaração de Alexandro sobre a convocação de Ancelotti

Alexsandro em ação pelo LOSC Lille (Foto: Reprodução/Instagram)

Aos 25 anos, Alexsandro Ribeiro vive um dos momentos mais marcantes de sua trajetória profissional. O zagueiro do Lille foi convocado pela primeira vez para defender a Seleção Brasileira, integrando a lista de Carlo Ancelotti para os confrontos contra Equador e Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

As partidas estão marcadas para quinta-feira (05), às 20h (de Brasília), fora de casa, e terça-feira (10), às 21h45, em São Paulo.

Ao lado da família em Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense onde foi criado, Alex assistiu à convocação. Inicialmente apreensivo ao ouvir o nome do lateral Alex Sandro, do Flamengo, o defensor explodiu em emoção ao se reconhecer entre os escolhidos.

“Foi algo inimaginável, algo que jamais sonhamos ou acreditamos que iríamos chegar”, afirmou, visivelmente emocionado .

A trajetória marcada pela persistência

Revelado pelas categorias de base do Flamengo, Alexsandro integrou a mesma geração de Hugo Souza e Vinícius Júnior. Contudo, com poucas oportunidades no clube carioca, precisou buscar alternativas para seguir no futebol.

Sem sucesso imediato, enfrentou um hiato de um ano e meio sem atuar por nenhuma equipe, até surgir uma chance no Praiense, da quarta divisão de Portugal, por meio de Léo Percovich, ex-treinador da base do Fluminense.

Foi em solo português que iniciou uma escalada constante, passando pela terceira, segunda e finalmente primeira divisão do país. Posteriormente, foi contratado pelo Lille, onde consolidou seu espaço no elenco.

“Chegar ao nível que cheguei não me surpreende porque eu trabalhei. Estava na Terceira Divisão e pensava que conseguiria chegar na Segunda. Na Segunda, acreditava que poderia chegar na Primeira”, recorda .

A origem e o compromisso social

Nascido e criado na comunidade do Dique, em Duque de Caxias, o jogador enfrentou uma realidade de dificuldades extremas. Durante a infância, trabalhou como catador em um lixão e conviveu com a escassez dentro de casa.

“Lembrava do meu irmão abrindo a geladeira sem nada dentro… foi surreal. Quando você escuta seu nome, você pensa: ‘Consegui. Nós conseguimos’”, disse Alex, ao descrever o momento da convocação .

Mesmo com a ascensão na carreira, ele mantém vínculos com o local onde cresceu. Aliás, durante as férias, costuma retornar com cestas básicas e apoio moral para os moradores. Segundo ele, seu exemplo serve de inspiração para jovens que enfrentam o risco constante do envolvimento com o crime:

“Desviar do ciclo das drogas, da bandidagem, que é o que a gente mais vê por lá… Não inspiro só a minha família, mas toda minha comunidade e agora todo o Brasil”.

Expectativa e foco no futuro

Ambidestro e com 1,91m, Alexsandro destaca-se por sua habilidade com os pés, característica que desenvolveu ao treinar a perna esquerda após uma lesão na infância. Agora, seu foco está em mostrar valor dentro da Seleção.

“Não quero chegar na Seleção para passear. Quero deixar meu lugarzinho, uma pulguinha na orelha do Ancelotti”, afirmou. Em suas palavras, não se trata apenas de vestir a camisa canarinha, mas de construir uma trajetória sólida com ela.