Augusto Melo é atacado por lideranças do Corinthians

Augusto Melo - Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Augusto Melo - Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Na última terça-feira (03), figuras influentes da política interna do Corinthians divulgaram um manifesto contundente contra a ação protagonizada pelo presidente afastado Augusto Melo. O episódio em questão ocorreu no sábado (31), quando o dirigente, acompanhado por apoiadores, tentou reassumir o comando do clube no Parque São Jorge.

A ação foi classificada por lideranças como Andrés Sánchez, Rubens Gomes (Rubão), Alexandre Husni, Ricardo Sena, Ademir Benedito e Fabio Petrillo como “o dia mais vergonhoso da centenária história corinthiana”.

No documento, os signatários afirmam: “Um ataque histórico, triste e vergonhoso ao Sport Club Corinthians Paulista. O 31 de maio de 2025, infelizmente, será lembrado como o dia mais vergonhoso da centenária história corintiana”.

Eles ainda caracterizam o episódio como um “golpe institucional”, denunciando a tentativa de Melo de se sobrepor à decisão soberana do Conselho Deliberativo, que aprovou sua destituição no dia 26 de maio.

Denúncias de violação do Estatuto

Conforme o manifesto, Augusto Melo teria utilizado aliados para reverter, de maneira ilegítima e à revelia do Estatuto Social, o processo de afastamento conduzido pelo órgão máximo do clube. “Nenhuma articulação feita na calada da noite pode se sobrepor à vontade do Conselho”, reforçam os conselheiros. O movimento foi considerado uma ameaça grave à integridade institucional do Corinthians.

De acordo com o Estatuto do clube, ações como as realizadas no sábado ferem diretamente os deveres previstos no Artigo 24. O texto destaca que é obrigação dos associados zelar pelo patrimônio do clube, manter conduta adequada e respeitar os demais frequentadores.

“As atitudes de quem participa de invasões, depredações ou intimida funcionários e dirigentes são incompatíveis com esses deveres”, diz o documento.

Penalidades e próximos passos

O Estatuto prevê sanções para infrações dessa natureza, conforme o Artigo 25, que permite desde advertências até o desligamento definitivo. Já o Artigo 27 prevê suspensão para reincidência ou comportamentos agressivos. Diante disso, o grupo político que assina o manifesto solicita punições rigorosas e afirma que a apuração dos fatos deve ocorrer com “firmeza e transparência”.

A tentativa de retomada do poder por Augusto Melo também foi abordada com severidade por conselheiros, que reiteraram: “Trata-se de preservar a integridade de uma instituição centenária, que representa milhões de torcedores apaixonados”.

A votação definitiva sobre a permanência de Melo na presidência ocorrerá no dia 9 de agosto. Se os associados confirmarem o impeachment, uma nova eleição será convocada entre os conselheiros para determinar quem completará o mandato até o fim de 2026.

Comunicado oficial na íntegra

Um ataque histórico, triste e vergonhoso ao Sport Club Corinthians Paulista

“O 31 de maio de 2025, infelizmente, será lembrado como o dia mais vergonhoso da centenária história corinthiana.

A invasão sem precedentes à sede administrativa do Sport Club Corinthians Paulista por um grupo de associados liderados pelo presidente afastado, Augusto Melo, causou indignação não apenas pela violência e desordem, mas também pela clara violação dos princípios e deveres previstos no Estatuto Social do clube.

Tal episódio, que contou com todos os ingredientes de um golpe, não apenas prejudica a imagem do Corinthians perante a sociedade, mas também fere diretamente o espírito de civilidade, respeito e responsabilidade que deve nortear a conduta de todos os que fazem parte da instituição.

De acordo com o Artigo 24 do Estatuto do clube, os associados têm obrigações claras, como cumprir fielmente as normas internas (inciso B) e zelar pelo patrimônio do Corinthians (inciso E). As atitudes de quem participa de invasões, depredações ou intimida funcionários e dirigentes são incompatíveis com esses deveres e demonstram completo desrespeito à história e aos valores da agremiação.

Ainda segundo o mesmo artigo, também é dever do associado manter conduta adequada nas dependências do clube (inciso C), tratar com urbanidade todos os frequentadores e funcionários (inciso F), e, principalmente, não manchar a imagem do clube por qualquer meio (inciso H). As imagens e relatos da invasão foram amplamente divulgados na mídia, gerando prejuízos à reputação do Corinthians e alimentando conflitos que enfraquecem a união entre torcedores e dirigentes.

O Estatuto prevê penalidades para tais comportamentos. O Artigo 25 estabelece sanções como advertência escrita, suspensão e até desligamento, garantindo o direito de defesa aos acusados. Já o Artigo 27 prevê que é passível de suspensão qualquer associado que reincida em infrações, tenha comportamento agressivo ou pratique atos condenáveis, como os que ocorreram durante a invasão.

Dessa forma, é fundamental que todos os órgãos atuem com firmeza e transparência na apuração dos fatos, responsabilizando exemplarmente os envolvidos. Mais do que uma questão disciplinar, trata-se de preservar a integridade de uma instituição centenária, que representa milhões de torcedores apaixonados e precisa ser um exemplo de organização, respeito às regras e espírito esportivo.

Em tempos de intolerância e radicalismo, o Corinthians deve reafirmar seu compromisso com a democracia interna, o diálogo e o respeito à sua história e à sua torcida. O Estatuto é mais do que um documento jurídico: é o contrato moral que une todos os corinthianos em torno de um ideal maior — o amor pelo clube”.