Richarlison voltou a vestir a camisa da Seleção Brasileira após um intervalo de 586 dias. A última vez havia sido em 17 de outubro de 2023, contra o Uruguai, pelas Eliminatórias. Desde então, enfrentou uma série de lesões e momentos delicados em sua trajetória profissional e pessoal.
Notícias mais lidas:
Embora tenha sido convocado por Dorival Júnior em março de 2024 para os amistosos diante de Inglaterra e Espanha, uma lesão o impediu de atuar. Na sequência, foi cortado da lista da Copa América no dia do anúncio oficial, novamente por problemas físicos.
Crise física e emocional
O atacante revelou ter enfrentado um período de depressão, desencadeado por lesões sucessivas, afastamento da Seleção e a ruptura com seu empresário de longa data. A morte da bisavó agravou o cenário emocional.
“Estava no meu limite… não vou falar me matar, mas eu estava numa depressão ali e estava querendo desistir”, confessou em entrevista à ESPN Brasil, ainda em 2024.
As dificuldades também afetaram seu rendimento no Tottenham, clube em que atuava. Mesmo quando não estava oficialmente no departamento médico, convivia com dores no púbis, joelho, coxa e panturrilha, além de sentir choques e formigamentos na perna.
Reestruturação física e reencontro com as origens
Com o objetivo de recuperar sua condição, Richarlison contratou o fisioterapeuta Ricardo Sasaki, com quem havia trabalhado na Seleção. Junto ao departamento médico do Tottenham, Sasaki diagnosticou a necessidade de reequilíbrio muscular e maior resistência física.
Assim, novos métodos e cronogramas de treinamento foram implementados, proporcionando melhora significativa.
Paralelamente, o jogador buscou reencontrar suas raízes. Em fevereiro de 2025, viajou para Nova Venécia, no Espírito Santo, onde pescou, empinou pipa e se reconectou com amigos de infância. A escapada lhe proporcionou alívio emocional e retorno revigorado à rotina em Londres.
Nova fase: títulos e paternidade
Fortalecido física e mentalmente, Richarlison encerrou a temporada com o título da Liga Europa pelo Tottenham. Ele foi titular na final contra o Manchester United. Além disso, sua confiança aumentou com o retorno de Carlo Ancelotti à Seleção.
O treinador italiano, que já havia trabalhado com o atacante no Everton, chegou a recomendar sua contratação ao Real Madrid. “Ele tem um histórico de crescer de nível com a camisa da Seleção”, afirmou o comentarista Mansur ao ge.
Aliás, a relação entre Ancelotti e Richarlison extrapola o campo: os dois costumavam ir juntos para os treinos e jogos, estreitando a convivência. Sob o comando do técnico italiano, o brasileiro marcou 20 gols em 59 partidas, número inferior apenas ao que alcançou com Tite.
Atualmente, o momento pessoal também é positivo. O jogador está prestes a se tornar pai, com o nascimento de Richarlison Júnior previsto para logo após a atual data Fifa. A paternidade tem sido encarada como um fator importante na retomada emocional do atacante.
Números e expectativas
Richarlison não balança as redes pela Seleção desde 5 de dezembro de 2022, nas oitavas de final da Copa do Catar, contra a Coreia do Sul. Desde então, passou em branco nas sete partidas seguintes. Mesmo assim, permanece como o terceiro maior artilheiro em atividade com a camisa canarinho, com 20 gols em 48 jogos — atrás apenas de Neymar, com 79, e Philippe Coutinho, com 21.
Na preparação para os duelos contra Equador e Paraguai, o atacante apareceu entre os titulares no primeiro esboço de escalação feito por Ancelotti, formando o trio ofensivo ao lado de Estêvão e Vinícius Júnior.