O cenário financeiro do Atlético voltou a ganhar destaque após declarações do investidor Rafael Menin, durante entrevista coletiva realizada no sábado (07 de junho), na Arena MRV. Embora o clube tenha registrado uma receita bruta de R$ 674 milhões no exercício de 2024, impulsionada pela utilização da Arena e pela presença em duas finais de grande porte – a Copa do Brasil e a Libertadores –, a dívida total aumentou. Atualmente, os compromissos em aberto somam R$ 1,369 bilhão.
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Conforme relatado por Menin, o desempenho operacional do clube no ano passado foi ligeiramente positivo, com superávit de R$ 8 milhões. Contudo, ele admitiu que isso não foi suficiente para cobrir os encargos financeiros, especialmente os juros. “A operação não tem a menor capacidade de pagar a dívida”, afirmou. Segundo ele, um aporte feito em outubro de 2023 foi destinado justamente a reduzir esse passivo, o que ocorreu de forma parcial.

A situação se agravou com a não conclusão de uma captação de recursos prevista para o primeiro semestre de 2025. O dirigente revelou que o processo está em andamento e deve ser encerrado apenas no terceiro ou quarto trimestre. Por esse motivo, houve atrasos em pagamentos de parcelas a outros clubes e agentes, além de pendências relacionadas ao direito de imagem dos jogadores. “Teve alguma coisa sim. Não foi de 30 dias. E não foi a primeira vez”, confessou Menin, reforçando que a gestão tenta evitar a repetição desses atrasos.
Menin também destacou que, mesmo diante das dificuldades, novos recursos – caso cheguem – serão direcionados exclusivamente ao abatimento da dívida. Ele explicou que, para o clube ter condição de cumprir com suas obrigações sem depender de investimentos externos, seria necessário reduzir significativamente os custos com futebol. “Se a gente reduzisse para R$ 150 milhões, o Atlético passaria a ter capacidade de pagar a dívida, mas o desempenho esportivo cairia muito”, ponderou.
O investidor admitiu o desgaste causado pelo cenário atual. Disse que tem perdido noites de sono e que a situação financeira afeta não apenas a imagem do clube, mas também a reputação do grupo empresarial que ele representa. “É muito ruim não honrar um pagamento”, declarou. A frustração, segundo ele, é ainda maior quando se considera o esforço em manter o equilíbrio entre compromissos financeiros e desempenho esportivo.
Por fim, Menin reiterou que a busca da SAF é por equilíbrio e responsabilidade na gestão. Segundo ele, cada decisão sobre montagem de elenco exige meses de planejamento. “O que a gente procura, de forma muito organizada, com bastante ciência por trás, é equilibrar todos esses pratos”, concluiu, deixando claro que o momento ainda exige cautela e ajustes contínuos para que o clube avance dentro e fora de campo.