O diretor de futebol do Flamengo vive momento de maior desgaste desde sua chegada ao clube, enfrentando questionamentos sobre suas decisões e métodos de trabalho.
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José Boto encontra-se no centro de uma turbulência que se intensificou após o veto presidencial à contratação de Mikey Johnston. A interferência de Luiz Eduardo Baptista simboliza um momento delicado para o dirigente português, que acumula atritos com jogadores e funcionários do clube.
O cancelamento da chegada do atacante irlandês expôs fissuras na relação entre o presidente e seu diretor de futebol. Além disso, a repercussão negativa entre torcedores e a pressão interna na Gávea aumentaram os questionamentos sobre o trabalho de Boto.
Desgaste financeiro e operacional
Apoiadores de Bap manifestam incômodo com aspectos contratuais envolvendo o português. O dirigente recebe R$ 240 mil mensais a mais que o técnico Filipe Luís, conforme apuração. Adicionalmente, o clube arca com despesas de um imóvel na Barra da Tijuca (R$ 50 mil mensais), carro blindado e quatro seguranças pessoais.
A condução de negociações também gera desconforto interno. A tentativa de liberar Victor Hugo gratuitamente para o Famalicão causou pressão, assim como as reduções de multas rescisórias em renovações contratuais. Gerson teve sua cláusula reduzida de 200 milhões para 25 milhões de euros, valor posteriormente pago pelo Zenit.
Relação deteriorada com elenco
O relacionamento com as principais lideranças do grupo deteriorou-se significativamente. Pedro tornou-se centro de polêmica após especulações sobre uma possível venda por 15 milhões de euros, gerando irritação no atacante e no técnico Filipe Luís.
O caso Arrascaeta ilustra outro ponto de tensão. O uruguaio, interessado em renovar contrato, viu as negociações serem congeladas em maio. Posteriormente, o meia fez uma publicação nas redes sociais que foi interpretada internamente como uma indireta ao dirigente português.
“O tempo põe cada um em seu lugar, cada rei em seu trono e cada 🤡 em seu circo”, escreveu Arrascaeta em foto ao lado de seu empresário.
A situação de Lorran também gerou críticas. O jovem foi afastado do elenco profissional após negociações frustradas, retornando às categorias de base. O Madureira, clube formador, manifestou descontentamento publicamente com o tratamento dado ao atleta.
Mudanças controversas na base
As alterações promovidas no departamento de categorias de base provocaram questionamentos. Boto demitiu Cléber dos Santos logo após a conquista da Libertadores Sub-20 e contratou o português Nuno Campos. Entretanto, o técnico europeu pediu demissão após menos de três meses, alegando problemas pessoais.
A entrada de Boto no clube prometia revolucionar a formação de atletas, mas as mudanças ainda não produziram os resultados esperados. Atualmente, Bruno Pivetti está acertado para assumir o comando da equipe sub-20, enquanto Alfredo Almeida concentra a atenção nas categorias menores.
Entrevistas polêmicas
Durante o Mundial de Clubes, o dirigente concedeu entrevistas para veículos europeus e americanos, atitude que gerou repercussão negativa internamente. Pessoas ligadas ao clube interpretaram as declarações como tentativa de atrair holofotes em mercados mais valiosos.
Em entrevista ao jornal italiano Gazzetta Dello Sport, Boto mencionou Antonio Conte e Roberto De Zerbi como possíveis substitutos para Filipe Luís, além de comentar interesse em Vlahovic, da Juventus. As declarações causaram desconforto, principalmente por contradizerem posicionamentos anteriores sobre prioridades de mercado.
Apoio presidencial em xeque
Embora Boto mantenha o respaldo oficial de Bap, seu prestígio interno diminuiu consideravelmente. Dirigentes ligados ao presidente chegaram a pedir suspensão de todas as negociações conduzidas pelo diretor de futebol, pedido que não foi atendido.
A janela de transferências do meio do ano representa um momento crucial para o português. Com a premiação recebida no Mundial de Clubes, a diretoria espera contratações de peso para suprir as carências do elenco. O trabalho do dirigente será mais fiscalizado a partir de agora, em meio ao maior momento de pressão desde sua chegada ao clube.